Todos os dias o mesmo caminho para o trabalho, o mesmo comboio, o mesmo lugar, as mesmas pessoas.
Quantos de nós observamos o que nos rodeia neste trajecto?
Quantos de nós somos inconscientemente metódicos nesta rotina diária?
Quem disse que a rotina mata....tinha toda a razão.
Conhecemos Zoe no seu trajecto casa-trabalho. Uma jornada diária e fixa, quase em piloto automático, para uma mãe de quarenta anos que à primeira vista é igual a tantas outras pessoas no metro de Londres. Mas o seu dia a dia sofre um abalo no momento em que vê a sua foto num anúncio na secção de encontros/acompanhantes do London Gazette. Com apenas com link e um número de telefone, este anúncio pode ser simplesmente uma brincadeira de mau gosto mas quem seria capaz de lhe pregar uma partida assim?
E para mais, como é que lhe tiraram uma foto sem que reparasse?
Tudo pode não passar de pânico infundado, a pessoa na foto pode ser só alguém muito parecido com Zoe mas quando uma das outras mulheres que também apareceu nos anúncios é assassinada, Zoe não tem dúvidas, ela é um alvo e o encontreatal.com o local da caça com todos os detalhes necessários para o caçador encontrar a sua presa.
"São tão estúpidas. As passageiras. Vemo-las, indiferentes ao mundo à sua volta. Ligadas aos iPods, fitando os telemóveis, lendo os jornais. Fazendo o mesmo percurso todos os dias, sentando no mesmo lugar, esperando no mesmo sítio do cais"
Do lado acção policial encontramos Kelly Swift uma agente da Polícia com potencial para investigação a sério mas que devido a um descontrolo se viu em problemas e foi remetida para a brigada de furtos no metro. Desejosa de voltar a uma brigada de maior acção, Kelly sabe que não há muita gente que meta as mãos no fogo por si mas no momento que recebe o contacto de Zoe, tudo está prestes a mudar.
Um dos casos de furto no metro está conectado com a publicação da foto de vítima no jornal.
Seria o assalto consequência do anúncio?
Se esta mulher foi vítima de assalto, quantas mais não podem ser um potencial alvo? O quão vasta é a rede que quer mal a estas inocentes passageiras?
"ESTOU A VER-TE" está espectacular e vai fazer com que na próxima vez que apanhar o comboio a caminho do trabalho eu mude os meus hábitos.
Somos tão facilmente um alvo, para começar porque somos mulheres, mas tambem porque não somos previdentes. Vivemos confiantes que o perigo não nos espreita a todos os momentos e seguimos o nosso caminho automaticamente a cantarolar a nossa música, a devorar o nosso livro ou deslizar o dedo no telemóvel, completamente absorvidas pelas publicações no facebook.
Imaginem que alguém vos segue, que vos fotografa e que divulga esse itinerário ao mais ínfimo detalhe a centenas de estranhos online. Imaginaram?
Agora imaginem-se hoje ao final do dia a fazer o vosso trajecto para casa, cansadas e com calor, desejosas de se refrescarem e algures a meio do caminho, naquele túnel escuro que têm de atravessar para o estacionamento junto à estação, alguém vos interceta, para o bem ou para o mal, apenas porque sabe que à hora que passa ali, o faz completamente sozinha.
É assustador não é! ?
Assim o é "Estou a ver-te" quando nós faz colocar em causa as nossas rotinas, as pessoas à nossa volta e tudo o que tomamos como certo.
Se "deixei-te ir" me surpreendeu pela reviravolta que o livro levou a meio, este "Estou a ver-te" bofeteia-me duplamente ao provar que nunca podemos dar nada como garantido, especialmente o lado negro da inveja, da traição e de tantos outros lados obscuros de nós próprios e das pessoas que nos rodeiam.
Uma novidade
Relembro a opinião ao outro livro da autora
1 comentário :
Tenho lido excelentes críticas a este livro.
Parece-me, sem dúvida, um thriller daqueles que nos dá vontade de "devorar" o livro!
Mal posso esperar para o ter!
Obrigada pela partilha da opinião!
Helena
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