Uma poderosa e desconcertante reflexão sobre o que é ser mulher,
desejar, amar, resistir, viver como mulher.
FINALISTA DO NATIONAL BOOK AWARD E UM DOS MELHORES LIVROS DO ANO:
Barnes & Noble * Book Riot * Boston Globe * Chicago Review of Books * Elle * Huffington Post * Kirkus Reviews * Library Journal * Los Angeles Times * New York Times * Paris Review * Publishers Weekly * Washington Post
Uma edição ALFAGUARA
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As distinções e ovações quase falam sozinhas sobre a qualidade reconhecida à escrita de Carmen Maria Machado, mas a questão que se principal é:
O que é viver no corpo de uma mulher?
Talvez seja preciso pesquisar muito e lutar por entender a body literacy que encerra cada corpo feminino.
Carmen Maria Machado explora cada conto com imprevisibilidade e experimentalismo, tal como se percorresse um corpo com ânsia de o conhecer em todos os seus recantos. É assim que eu leio os seus contos.
A voz do corpo, a voz por vezes escondida ou recatada. O dar voz às mulheres, pelo seu corpo, pelos seus desejos, pelos seus anseios e preocupações e pelas suas metades.
Carmen Maria Machado assume-se metade diva, metade bruxa. Eu diria antes: metade besta, metade bestial.
É isso mesmo: ser mulher, é ser capaz de numa hora ser uma mulher bestial, e na seguinte uma besta. O mundo assim o obriga e nós mulheres também.
Qual dessas metades é a mais ligadas à fantasia?
Tudo dependerá muito de cada uma e da realidade de cada quotidiano. E pelo que lemos do livro, do entendimento que se faz do corpo com que se vive. E se o aceitamos ou não.
Assumir o corpo é talvez a forma mais rápida de entender o lado selvagem que cada uma tem em si, é aceitar que o humor, as necessidades, as vontades, os sentimentos, as paixões, as falhas... oscilam. Aceitar, é talvez a nossa maior força.
Pela objectiva, cada vez mais afinada, da crítica cultural-feminista o livro de Machado é um livro político, muito centrado nos temas de hoje, um livro que mistura a realidade com a fantasia, alertando para as caixas e caixinhas que determinam o território feminino, condicionado à masculinidade de uma linguagem espalhada pelo mundo fora.
Nos oito contos, para além de um experimentalismo constante (a meu ver!), destacamos a forma de narrar que cruza, por palavras da autora, meta-ficção, não-realismo, fantasia, horror e ficção-científica. Tudo unido por uma imaginação recheada de folclore, muito dele proveniente das origens cubanas de Machado.
Os críticos têm dificuldade em catalogá-la, chegando até ao rótulo de erótico e pornográfico.
No entanto, o que interessa é o resultado. Todos são contos surreais, abordando constantemente o desejo como um motor poderoso e pequenos padrões, nas personagens, que se repetem e se aproximam à realidade.
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