ilustração de Abigail Ascenso
DIA INTERNACIONAL DO LIVRO INFANTIL - 2 DE ABRIL
A 2 de abril, comemora-se o nascimento de Hans Christian Andersen e foi a partir de 1967 que este dia ganhou o título de Dia Internacional do Livro Infantil, inicialmente a sua comemoração era responsabilidade do IBBY Internacional, mas mais tarde foi alargada a as instituições que queiram chamar a atenção para a importância da leitura e dos livros para a infância, como é o caso da nossa DGLAB.
Para celebrar o Dia Internacional do Livro Infantil em 2019, a DGLAB convidou a ilustradora Abigail Ascenso, vencedora de uma Menção Especial do Prémio Nacional de Ilustração do ano passado, para ser a autora da imagem do cartaz.
Sobre a ilustradora:
Abigail Ascenso nasceu em 1979, em Leiria. Licenciada em Design de Comunicação/Arte Gráfica pela Faculdade de Belas-Artes da Universidade do Porto, fundou em 2003, com Fedra Santos, o atelier Furtacores Design e Comunicação, onde tem desenvolvido trabalho nas áreas de design gráfico, fotografia e ilustração infantil. Tem realizado exposições individuais de ilustração infantil e participado em colectivas de pintura. Com o livro Gaspar, o dedo diferente (texto de Ana Luísa Amaral), participou na mostra «100 Livros para o Futuro» promovida pela DGLAB na Feira do Livro Infantil de Bolonha em 2012. Ilustrou já mais de uma dezena de livros para os mais novos. Em 2018 recebeu uma das duas Menções Especiais do Prémio Nacional de Ilustração com o livro “A Noite”, com texto de Manuel António Pina.
Todos os anos é nomeado um país responsável pela mensagem e cartaz internacionais e em 2019 ficou a cargo da Lituânia, o texto e o cartaz são do escritor e ilustrador Kęstutis Kasparavičius. A tradução é de Maria Carlos Loureiro, directora dos serviços da DGLAB e que traduziu recentemente «Depois do Divórcio» da Nobel da Literatura Grazia Deledda (Sibila Publicações).
OS LIVROS CONVIDAM A UMA PAUSA
“Tenho pressa! … Não tenho tempo!... Adeus!...” Eis aqui expressões que ouvimos quase todos os dias, provavelmente não apenas na Lituânia, no coração da Europa, mas um pouco por todo o mundo. E também com frequência se ouve dizer que vivemos numa época de excesso de informação, de pressa, de aceleração. Mas quando pegamos num livro, sentimo-nos logo diferentes. É como se os livros tivessem uma característica maravilhosa: ajudam-nos a relaxar.
Abrimos um livro, mergulhamos nas suas profundezas tranquilas, e esquecemos o medo de que tudo passe ao nosso lado a uma velocidade vertiginosa, não nos permitindo ver o que quer que seja. O livro faz-nos acreditar que podemos abandonar as tarefas aparentemente urgentes. Nele, tudo se passa calma e silenciosamente, segundo uma ordem pré definida.
Será porque as suas páginas são numeradas, e porque o virar das folhas, uma após outra, produz um murmúrio tão calmo, tão leve?
Num livro, aquilo que é já passado encontra-se docemente com o que está ainda por chegar.
O mundo do livro é um mundo aberto; nele, a realidade convive com a fantasia e com a imaginação. E às vezes não sabemos bem onde observámos - se no livro, se na vida - a beleza dos pingos de neve que escorrem do telhado da casa, ou do musgo que cobre a cerca do vizinho.
Terá sido no livro ou na vida que provámos as bagas silvestres e percebemos que, apesar de bonitas, são igualmente amargas? E foi no livro ou na vida que um dia te deitaste na relva, ou te sentaste depois, de pernas cruzadas, contemplando o movimento das nuvens que atravessam o céu?
Os livros ensinam-nos a abrandar, ensinam-nos a observar; os livros convidam-nos, obrigam-nos quase a estar sentados. Sentamo-nos para ler um livro, poisamo-lo numa mesa ou nos joelhos – é ou não assim?! E será que nunca sentiram outro milagre? É que quando leem um livro, ele também vos lê. Sim, os livros também sabem ler. Leem a vossa testa, as sobrancelhas, os cantos dos lábios, que sobem, que descem, mas sobretudo, claro, leem os vossos olhos. E através dos olhos, eles veem… bem, todos sabemos o que eles veem!
Tenho a certeza de que os livros poisados nos vossos joelhos não se aborrecem nem um minuto. É que quem lê – seja criança ou adulto -, é só por isso muito mais interessante do que aquele que resiste a pegar num livro, que está sempre com pressa e nunca se senta, e jamais tem tempo de observar seja o que for à sua volta.
No Dia Internacional do Livro Infantil, o meu maior desejo é que existam livros interessantes para os leitores - e leitores interessantes para os livros. Kęstutis Kasparavičius (Trad. Maria Carlos Loureiro)
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