Sou uma amante de praia e de dias que envolvem mergulhos e o som do mar como única companhia. Adoro o efeito da água salgada no cabelo, a areia no pé, os desenhos que ficam de nos deitarmos na areia e o terminar de qualquer dia é sempre melhor se for com uma caminhada à beira-mar, maré bem vazia (e a praia também, de preferência) e o sol a cair e transformar tudo aquilo em que toca apenas já por breves momentos. Ler à beira-mar, de cadeirinha enterrada na areia molhada… Enfim, podia continuar a descrever cenários que envolvem a praia, porque a piscina, sendo pública e municipal e tem regras, mas mesmo assim, é um espaço onde cada vez mais recorro para recarregar baterias e nivelar os humores 😊
E o mesmo se passou com este livro «A PISCINA» de Libby Page,
que em boa hora as minhas queridas Rodistas me chamaram à atenção para ele, por
isso, de todas as vezes que o abria foi como se desse um mergulho na minha
piscina, aonde regressei em plena pandemia e por lá me tenho mantido, seja para
treinar ou relaxar. No meu pote com papelinhos coloridos, que são notas de
gratidão, de um ano para os outros, reencontro inúmeros agradecimentos por mais
um mergulho e a água fria que tantas vezes (ou quase sempre!) é curativa.
Contudo, «A Piscina» não é só para os fãs de mergulhos em
águas frias, lycras justas e tocas apertadíssimas que comprimem o cabelo e as
ideias 😉 são também para quem queira uma história
leve, que ainda assim toca em temas sensíveis, como a perda, o luto, a ansiedade
ou a falta de confiança em nós mesmos e sensibiliza para a importância de equipamentos
públicos que criem espaços de convívio e partilha e assim se fomente um maior
sentimento de comunidade. E pelo meio, conhecemos Rosemary, numa idade em que
já só se flutua, ou dentro de água ou nas memórias e é aí que a conhecemos
jovem e percebemos o quanto uma simples piscina acompanhou e definiu a sua vida
familiar, como pode agora definir a de kate.
“Chega sempre com antecedência, mas só se sente mesmo
confortável quando a luz diminui e, como ela, todos se perdem no filme. Estica
o pescoço para o ecrã e vê a comédia romântica, o thriller, o filme de
espionagem escolhido este mês., chorando ou rindo em coro com os outros
espectadores. A emoção flui pela sala como uma onda. quando assiste a um filme,
não está sozinha, faz parte de algo maior, um rosto sem nome numa grande
plateia de rostos sem nome.”
Esta massa humana e tantas vezes incógnita no seu todo,
também pode estar na piscina, naquela orquestra de barbatanas, pás, mãos e pés
nus, que dialogam com os guinchos das crianças, o chapinhar dos brinquedos que
flutuam, as gargalhadas a ecoar maia alto que a música das aulas, um burburinho
incessante que apenas sossega a cada mergulho quando a água nos devolve a um
silêncio desfocado pela respiração tantas vezes sustida em esforço.