Um título estranho...
toda a gente que olha para a capa pensa e diz o mesmo.
Um título estranho, aquele que temos de dar aquelas pessoas que não deviam existir.
Um título estranho mas com uma história complexa e uma dose satisfatória de justiça.
Quando li a sinopse pensei "uhh advogada malandra! Que fizeste tu? Tiveste um caso com quem? A vizinha descobriu e tiveste de a calar? Ou melhor, que provas furjaste para ilibar algum cliente tudo menos inocente?"
Mas à medida que conhecemos Lily, com o seu primeiro caso importante e o seu casamento acabadinho de celebrar, percebemos que as "malandrices" não são relacionadas com o caracter duvidoso que rapidamente associamos à sua profissão (que me desculpem os advogados pelo estereótipo!), pelo menos não conscientemente.
Lily está agrilhoada ao passado, mais presa à culpa que a maioria dos presos na prisão que visita, inclusive o seu cliente. E é essa culpa que vai começar a embrulhar a bola de neve que a trama, que se passa ao longo de mais de 15 anos, nos conta.
Um primeiro cliente que determina a direção que a carreira de Lily (e a vida pessoal) toma, uma vizinha pequena que era um escape e posteriormente uma dor de cabeça, um marido que entra no casamento com segredos e um rumo incerto, uma família desamparada com a perda de um filho, outra com o desafio de cuidar de um filho com síndrome de Asperger, uma mãe solteira eternamente destinada a ser a outra, um amigo que foi sempre muito mais do que isso, um homem friamente consciente das suas capacidades, um mulher insegura das suas, outra capaz de levar tudo à frente e segredos atrás de segredos que eventualmente acabam por voltar para perseguir quem os esconde.
Parecem muitas histórias, muitas personagens, um turbilhão de detalhes que se cruzam mas assim como na vida real somos muito mais do que mostramos ao mundo, temos um sem número de características e segredos que nos interligam com tantos eventos e pessoas que é quase impossível determinar o alcance das nossas palavras, ações e desejos mais sombrios.
Se o título não vos fizer sentido numa primeira instância, descansem, mais lá para a frente, quando a história ganhar substância, a mulher do meu marido vai ganhar forma e fazer todo o sentido, mesmo nos momentos em que a bola de neve ainda não se desfez.
Uma nota....se a autora se inspirou nas histórias que conheceu enquanto trabalhava numa prisão, nem consigo imaginar o quanto mais retorcida pode ser a realidade que nos rodeia.
"A Mulher do Meu Marido" é um livro
1 comentário :
eu confesso que já tinha piscado o olho a este livro , agora de certeza que quando o tiver na mão irei comprar :D ♡ O Olhar da Marina
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