Embora não seja costume ler o livro depois de ver a sua adaptação, não resisti em comprar este romance de André Aciman e de voltar aos idílicos meses de verão sob o sol italiano, tão repletos de paixão, mal entendidos, medos e experiências marcantes. Queria confirmar se o primeiro pensamento que tive, que esta história era uma coisa linda e livre de julgamento, se mantinha com a leitura.
Elio é um miúdo com 17 anos no corpo mas muitos mais na alma. A educação e a liberdade que os pais lhe deram fazem-no viver com a complexa tarefa de pensar e sentir como alguém mais velho mas não é por isso que deixa de ter coisas da sua idade.
Quando o mais recente visitante de verão chega para passar 6 semanas, Élio oscila entre a necessidade de agradar e a demonstração casual de indiferenca que por vezes lhe é característica mas que também esconde algo mais.
Oliver, nos seus plenos vinte quatro aproveita a oportunidade para trabalhar no seu livro enquanto ajuda o pai de Élio, isto tudo numa estadia que eu dava um dedo do pé para poder usufruir.
E o que começou com uma secreta atração unilateral transforma-se em algo profundo, capaz de derrubar as barreiras que eles próprios ergueram entre ambos, capaz de os fazer sair da sua própria pele.
Uma história de amor, desejo, culpa, dúvida e intimidade. Uma que me deu um gozo enorme conhecer e que me deixou rendida à beleza que os olhos de Élio captam naquelas semanas. Beleza essa que não se perde nem nas cenas mais in your face.
E aquelas últimas 30 páginas mexeram comigo, tanto como quando vi o filme.
Não vos quero roubar a beleza pura de uma conversa em específico mas quando chegarem lá vão perceber. Ou talvez seja preciso ter passado pela nossa cota parte de amores, desamores, dúvidas e julgamentos para ver nesta história a beleza que lhe é inerente.
A verdade é que demoramos tanto tempo a perceber quem somos e vivemos tanta coisa em vidas paralelas à que levamos diante da grande maioria das pessoas que nos rodeia que é bom saber que há quem consiga, sem falácia ou moralidade, apoiar-nos no bom e no mau, no certo e no incerto.
Termino com um sorriso, uma lágrima e esta frase:
"Arrancamos tanto de nós próprios só para nos curarmos das coisas, mais depressa do que deveríamos, que entramos em falência por volta dos trinta anos e temos menos para oferecer de cada vez que começamos com alguém novo"
"Chama-me pelo teu nome" é um dos meus livros preferidos e chega a Portugal pela mão do Clube do Autor
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