A Margo caiu-me no colo. Não me recordo deste livro ter sido publicado cá mas sei que a Tarryn Fisher é amiga da Colleen Hoover. E oh well, diz-me com quem andas e eu saberei o quanto és atrofiada da cabeça. E adivinhem lá, não me enganei.
Embora goste da capa, creio que pela sinopse não comprava o livro. Acho que dá demasiado e eu gosto que se dê um dedo, não o braço todo. Pior, acho que se dá o braço errado mas isso é outra conversa e eu sou pouco de dar spoilers.Conhecemos Margo na sua existência transparente. Nascida numa casa que parece consumir quem lá habita, Margo escapa pelas divisões onde a presença de uma mãe negligente não chega, encaixa-se nos cantos onde a luz que acompanha os visitantes noturnos da mãe não brilha e alimenta a sua vida com doces, tal é o fraco acompanhamento que teve desde tenra idade. Por esse motivo, embora passe despercebida em termos de personalidade, sente que toda a gente vê a miúda feia e gorda da casa problemática.
Ao ambiente com que cresceu dentro de casa, junta-se o bairro que a vê passarinhar diariamente mas que é por si só um mal do qual se diz que quem lá nasce não consegue escapar. Bone, nos lados menos bons de Seattle, é um daqueles sítios em que se contam pelos dedos de uma mão às pessoas que se safam. Margo é uma delas, pelo menos até uma certa altura.
Sob existência atormentada desta jovem, está uma alma boa, altruísta, que se preocupa mas que também tem sempre um pé atrás, principalmente perante as injustiças visto que é, desde sempre, alvo de uma bem grave. Essa negligência é o que inicia o pontinho escuro que habita no seu ser e é dai que cresce a escuridão que a dor, a injustiça e a raiva vão alimentando.
Quantas injustiças teríamos de presenciar na nossa vida para sentirmos ceder a camada que nos exige justiça?
Será que sob determinada pressão todos nós, independente da força da nossa espinha, cederíamos?
Margo muda sob os nossos olhos e com ela a nossa resposta, ou pelo menos a nossa bussola moral, face às perguntas acima colocadas.
Se é uma obra da literatura? Claro que não mas é uma história que mexe connosco, que consumimos num ápice porque precisamos de saber como acaba, que nos faz pensar no mal que fazemos e no quanto, todos os dias, tantos saem impunes.
Margo tem um cadinho de todos nós, especialmente aquele lado que não colocamos livremente e sem julgamentos à superfície.
Recomendo a leitura, tão escaldante como aqueles dias de verão com leituras à beira mar/piscina.
E o melhor de tudo, está a 5€ na wook!
1 comentário :
ah ah a arruinar a carteira alheia com o spoiler do preço ;)
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