Foi com enorme gosto e interesse que conheci Eddie Jaku, embora tenha sido uma leitura entusiasmante, foi igualmente uma leitura sofrida, mas quem sou eu para falar de sofrimento perante um relato destes!
E por isso mesmo a melhor mensagem que se retira desta leitura só pode ser o mantra que acompanha esta biografia.
"Quem partilha as dores, sofre metade.Quem partilha o prazer, desfruta o dobro."
Claro que são palavras bonitas que pretendem olhar para trás com o pendor do perdão e da superação de anos e anos de tormentas com memórias e fantasmas, mas também isso Eddie Jaku revela quando nos diz até que ponto foi infeliz e atormentado e a partir de que ponto senti uma emoção sem igual que lhe permitiu abraçar o futuro com outra postura. Ainda assim, essa alegria do nascimento do filho teve sempre uma sombra: quando e quanto devia revelar da sua história pessoal como vítima do Holocausto?
"Foi uma emoção muito forte. Desatei a chorar. A minha irmã nem quis olhar para a caixa, tão perturbada se sentiu. É impossível esquecermos a imensidão da dor que carregamos e do sofrimento que sufoca o nosso subconsciente, até nos confrontarmos com provas de tudo o que perdemos."
Essa revelação - um choque para muitos - foi outra parte da superação que o levou a acreditar ser o homem mais feliz do mundo e mais uma vez o seu mantra fazia sentido. É preciso partilhar, é preciso sofrer e sorrir em comunhão com os outros, quer sejam eles outros sobreviventes, a sua própria família ou estranhos espalhados pelo mundo. Eddie acreditou sempre que de cada vez que partilhou a sua história fez um amigo. Que em cada leitor que leu o seu livro fez mais um amigo. E que cada amigo partilhará a sua história e que é dessa partilha que nasce a empatia que nos permite tomar parte naquilo que é correcto.
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