Pelo título fiquei logo apaixonado! Um livro a falar sobre um barco Português que salvou milhares de pessoas durante a segunda guerra mundial, digamos que era prometedor.
Comecei a ler e confesso que estava a espera de outro tipo de livro. Este belo exemplar, tanto o barco como o livro, relata ao pormenor factos históricos, basicamente é um compêndio de informações históricas sobre famílias que estiveram ligadas por alguma razão ao Serpa Pinto. Este relato puramente histórico e cronológico atrasa um pouco o ritmo de leitura, mas afinal eu sou o Caracol Literário.
Ao fim de pouco tempo estamos perdidos na quantidade de nomes de pessoas, locais, movimentos que são relatados no livro, factos, datas... ou seja, o que compõe um livro de História e não de histórias, como eu, confesso, ia à espera.
No entanto, é um excelente manual, de cariz informativo, faltando assim o cariz de ficção e o tal enredo de que estamos à espera. Ainda assim, aprende-se bastante e é um leitura prazenteira, só é pena as inúmeras notas de rodapé, que rodapé só de nome, já que se encontram todas no final do livro, coisas que aqui o trio do Efeito pouco aprecia.
Volto a dizer que a leitura é valiosa e de cariz histórico, especialmente para quem gosta do tema, que é o meu caso.
Ficamos a saber a história de famílias alemãs que depois da primeira grande guerra navegaram rumo ao Brasil e ai criaram verdadeiras mini Alemanhas, onde tentavam a todo o custo manter a língua e os costumes da sua terra natal, estas mesmas famílias são influenciadas pelo movimento nazi e por outros movimentos alemães a deixarem o Brasil e a voltarem para a sua pátria para combater.
É interessante ler e tentar colocarmos-nos no lugar destas famílias, com um vida feita no Brasil a deixarem tudo e voltarem para um pais em guerra por um ideal, o ideal da raça, da supremacia.
A escritora perde (e "perder" não é pejorativo) bastante tempo com algumas destas famílias dando-nos a percepção do que elas passaram.
Por outro lado, temos a história das famílias de judeus que tentam a todo custo sair de uma Europa em guerra para irem para a terra prometida (a América, claro!), e aqui temos relatos mais complicados, mais pesados, diria eu. É aqui que entra Portugal e o Navio do Destino! Mas não só...
Dou destaque ainda à visão que a autora nos deixa sobre a nossa Lisboa durante estes anos de guerra, uma Lisboa cheia de luz onde todos eram bem vindos, onde residia a esperança de se apanhar um barco para longe do inferno que a Europa se estava a tornar. Falá-nos também da ascensão do nosso ditador e da maneira como ele jogou um estratégico xadrez para se manter fora da guerra e conseguir ajudar tanto um lado como outro. Resta saber o que nos jogou a nós, já que ninguém entra no jogo para perder, mas adiante.
Enfim, um livro que aconselho a todos os que gostam de história, principalmente o tema da Segunda Grande Guerra e a todos os que se interessem pelo passado de portugal e sobretudo a todos os que querem conhecer melhor a importância deste barco "Serpa Pinto" e dos seus valentes tripulantes que o mantiveram no activo durante toda a guerra, salvando milhares de pessoas de uma morte certa.
Sem dúvida, um livro para fugir à rotina ou não fosse um livro Saída de Emergência.
A leitura é uma viagem por palavras nacionais, estrangeiras, umas cultas, outras menos, umas mais rebuscadas, outras simplificadas, algumas levam-nos às lágrimas, muitas delas às gargalhadas e as melhores, aquelas que nos deixam abismadas, tamanha é a profundeza da ideia, da genuinidade expositiva, onde a simples contemplação daquelas palavras nos deixa assim: sob o Efeito dos Livros!
quinta-feira, 18 de julho de 2013
O NAVIO DO DESTINO de Rosine de Dijn - Opinião
Etiquetas:
leituras 2013 - Caracol Literário
,
O Navio do Destino
,
Rosine de Dijn
,
Saída de Emergência
Subscrever:
Enviar feedback
(
Atom
)
1 comentário :
Tema interessantíssimo tratado na maior confusão narrativa. A tradução, desgraçada, torna a leitura ainda mais penosa.
Enviar um comentário