Max é uma criança autista, que detesta cocós extra e que tem em Tommy Swinden um inimigo.
A escola pode por vezes ser um campo de batalha e são sempre precisos guerreiros verdadeiros como a professora Gosh, para vencerem os guerreiros mal intencionados como a professora Patterson.
Em suma, a vida em si é uma batalha e nem sempre fomos feitos para vencê-la!
As peripécias vividas entre Max e Budo (visível apenas para amigos altamente imaginários) são deliciosamente narradas por este inocente amigo imaginário. Igualmente inteligente e instruído ou não fosse o seu amigo um entusiasta da aprendizagem.
Max é autista e os relacionamentos e a identificação com um grupo e com os outros afectam e condicionam-lhe as decisões, a sua liberdade e o seu dia a dia. Quando tudo o que quer é sossego e concentração para aprender, Max vê-se confrontado com a urgência de utilizar o wc escolar e trava a maior batalha da sua vida solitária e recatada. A aventura intimista com Tommy Swinden traz-lhe alguns dissabores, mas que todos os seus males fossem esse!
Gosh e Patterson são ambas professoras de Max e entendem as suas dificuldades, mas igualmente as suas magníficas capacidades, pena é que retiram daí conclusões e usos completamente diferentes. Enquanto Gosh estimula e potencia as capacidades de Max, Patterson aproveita as fragilidades e prega uma partida a Max, dito assim é uma expressão fraca, mas é a melhor para não estragar a surpresa a quem irá ler.
Um livro belo pelas expressões que tem. Um relato inocente, mas que chega a ser alucinante.
É uma viagem à infância e um retorno à idade adulta pelas dificuldades que a vida traz com as perdas que temos que aceitar.
"No mundo, há duas espécies de professoras: as que brincam às escolas e as professoras que ensinam."
Toda esta descrição sobre o ensino (pág. 217) é bastante elucidativa do tipo de professor, entre os que são professores por carreiras e os que são professores com o coração e a alma, talvez o que se chama vocação.
Todo o livro é brilhante na forma de interpretar o autismo e os seus "tiques" típicos, mas pelo olhar de uma menino com 5/6 anos, apesar de imaginário funciona como se tivesse o entendimento de uma criança real perante um amigo ou colega com algum tipo de necessidade educativa especial. O melhor. O melhor é que Matthew Dicks trabalha ainda melhor a personagem quando lhe dá ainda mais inocência do que um menino daquela idade.
O mundo imaginário e a ficção a abrilhantarem um tema que precisa de ser cada vez mais desmistificado!
Se quiserem dar uma espreitadela a esse mundo, leiam o diálogo (pág. 258/259) entre Budo e Oswald, um herói com uma mão entre dois mundos. O mundo dos heróis de palmo e meio, outro tipo de Rambo's das nossas vidas (piada, pág. 304).
BOAS LEITURAS.
Com o apoio da Editorial Planeta
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