“Numa cidade sem mulheres, os homens revelam a sua verdadeira natureza” foi a frase que captou a minha atenção quando me deparei com este livro e a opinião do Vasco no blog Viajar pela Leitura (Obrigada Vasco)
“O Coração dos Homens” é uma ode ao hedonismo idealista masculino, repleto de extremos e de deterioração do corpo e da mente a uma velocidade alucinante.
É um livro cru, porco….bem, eles são feios, porcos e maus mas foi uma agradável surpresa o que encontrei. Verdade seja dita, gostei imenso de ler este livro.
Uma cidade exclusivamente masculina, onde as mulheres foram expulsas por enfraquecerem os homens, por serem a fonte de todos os males. Cidade onde crianças crescem sem mãe, sem limites, sem regras, à excepção das ditadas pela sociedade: não ser cobarde, saber estar à altura da sua masculinidade em qualquer altura da vida e se manter fiel à sua espécie (vá, podemos dizer género)
Acompanhamos a história de Ele e dos amigos Mau e Grande. Não são precisos nomes, nem referências geográficas exactas. Perante um isolamento deste género, o resultados seria idêntico em qualquer parte do mundo. A liberdade de serem homens, de fazerem o que querem, de resolver ao murro qualquer situação só teria um idioma diferente porque as consequências seriam idênticas. Seguimos estes personagens desde a infância, uma jornada de celebração da sua amizade que passa por momentos de tensão, de descoberta sexual, de entrega hedonista desenfreada e inconsequente porque essa é a realidade na cidade, esse é a realidade de uma existência sem o peso da consciência feminina a pairar por perto. Numa cidade onde as mulheres são vistas como um vírus, as que sobram são usadas apenas e só com um fim, o do uso carnal.
Ao longo do livro dei comigo a pensar “o que pensa um homem desta história”? Será a realidade distópica dos amigos analisada com desdém ou admirada com base na liberdade que têm?
Como posso analisar este ataque ao mundo masculino, mesmo quando a ideia é exterminar mulheres?
A minha vontade inicial, instigada pelo meu lado feminino e gozão, era dizer algo do género “meus grandes cromos, não conseguem viver connosco mas não sabem viver sem nós” mas a realidade é que não podemos analisar a coisa apenas de um ponto de vista.
Este livro é uma denúncia aos desejos mais secretos dos homens mas também é ofensivo ao ponto de afirmar que, sem a presença feminina, é a besta primitiva que sobressai, cujo único intuito é satisfazer as necessidades básicas do corpo. Curiosamente penso, se lhes fosse dado a escolher o que fazer o resto da vossa vida, quantos não escolhiam uma existência despreocupada, sem responsabilidades, repleta de consumo excessivo e prazer carnais constantes?
(nota: consegui falar da má vida de Ele e os amigos de uma forma muito cuidada mas aviso desde já que o livro é cru, que não tem paninhos quentes quando expõe a decadência a que eles chegam)
Dei comigo a pensar que o estado natural dos três amigos durante uma boa parte do livro, assim como o seu ideal de vida, é em muito semelhante ao de homens a quem em tempos chamei de amigos e que se perderam (ou ainda perdem) num expoente máximo de loucura que os leva sempre a desafiar o limite da dormência e do prazer, sem olhar a meios, sem pensar no amanhã e nas consequências dos seus actos.
Mas e as mulheres? Onde ficam as mulheres nesta história?
Digam-me o quanto faz falta uma mulher (uma mãe, uma amiga, uma amante) na vida de um homem?
Venha o parvo que me diga “NENHUMA, não faz falta nenhuma!”
De onde vem a sensibilidade que fura a carapaça dura masculina? Das mulheres, seja qualquer foi o papel que desempenha na vida de um homem.
Em “o Coração dos homens levantamos muitos pontos de discussão, analisamos as mais primitivas diferenças ente géneros e concluímos que estamos incompletos, que nos falta um bocado, provavelmente o que dá nome ao livro.
Fica a sugestão de leitura para uma próxima visita à biblioteca ou livraria (online aqui), já que este livro data de 2006.
“O Coração dos Homens” é uma ode ao hedonismo idealista masculino, repleto de extremos e de deterioração do corpo e da mente a uma velocidade alucinante.
É um livro cru, porco….bem, eles são feios, porcos e maus mas foi uma agradável surpresa o que encontrei. Verdade seja dita, gostei imenso de ler este livro.
Uma cidade exclusivamente masculina, onde as mulheres foram expulsas por enfraquecerem os homens, por serem a fonte de todos os males. Cidade onde crianças crescem sem mãe, sem limites, sem regras, à excepção das ditadas pela sociedade: não ser cobarde, saber estar à altura da sua masculinidade em qualquer altura da vida e se manter fiel à sua espécie (vá, podemos dizer género)
Acompanhamos a história de Ele e dos amigos Mau e Grande. Não são precisos nomes, nem referências geográficas exactas. Perante um isolamento deste género, o resultados seria idêntico em qualquer parte do mundo. A liberdade de serem homens, de fazerem o que querem, de resolver ao murro qualquer situação só teria um idioma diferente porque as consequências seriam idênticas. Seguimos estes personagens desde a infância, uma jornada de celebração da sua amizade que passa por momentos de tensão, de descoberta sexual, de entrega hedonista desenfreada e inconsequente porque essa é a realidade na cidade, esse é a realidade de uma existência sem o peso da consciência feminina a pairar por perto. Numa cidade onde as mulheres são vistas como um vírus, as que sobram são usadas apenas e só com um fim, o do uso carnal.
Ao longo do livro dei comigo a pensar “o que pensa um homem desta história”? Será a realidade distópica dos amigos analisada com desdém ou admirada com base na liberdade que têm?
Como posso analisar este ataque ao mundo masculino, mesmo quando a ideia é exterminar mulheres?
A minha vontade inicial, instigada pelo meu lado feminino e gozão, era dizer algo do género “meus grandes cromos, não conseguem viver connosco mas não sabem viver sem nós” mas a realidade é que não podemos analisar a coisa apenas de um ponto de vista.
Este livro é uma denúncia aos desejos mais secretos dos homens mas também é ofensivo ao ponto de afirmar que, sem a presença feminina, é a besta primitiva que sobressai, cujo único intuito é satisfazer as necessidades básicas do corpo. Curiosamente penso, se lhes fosse dado a escolher o que fazer o resto da vossa vida, quantos não escolhiam uma existência despreocupada, sem responsabilidades, repleta de consumo excessivo e prazer carnais constantes?
(nota: consegui falar da má vida de Ele e os amigos de uma forma muito cuidada mas aviso desde já que o livro é cru, que não tem paninhos quentes quando expõe a decadência a que eles chegam)
Dei comigo a pensar que o estado natural dos três amigos durante uma boa parte do livro, assim como o seu ideal de vida, é em muito semelhante ao de homens a quem em tempos chamei de amigos e que se perderam (ou ainda perdem) num expoente máximo de loucura que os leva sempre a desafiar o limite da dormência e do prazer, sem olhar a meios, sem pensar no amanhã e nas consequências dos seus actos.
Mas e as mulheres? Onde ficam as mulheres nesta história?
Digam-me o quanto faz falta uma mulher (uma mãe, uma amiga, uma amante) na vida de um homem?
Venha o parvo que me diga “NENHUMA, não faz falta nenhuma!”
De onde vem a sensibilidade que fura a carapaça dura masculina? Das mulheres, seja qualquer foi o papel que desempenha na vida de um homem.
Em “o Coração dos homens levantamos muitos pontos de discussão, analisamos as mais primitivas diferenças ente géneros e concluímos que estamos incompletos, que nos falta um bocado, provavelmente o que dá nome ao livro.
Fica a sugestão de leitura para uma próxima visita à biblioteca ou livraria (online aqui), já que este livro data de 2006.
PLAYSTLIST
E já agora, ainda sobre o livro mas na 1ª impressão e opinião de outros pessoas.
Tenho aproveitado a pausa para café e tabaco com colegas de trabalho para lançar tópicos dos livros que leio. Quando falei de uma sociedade sem mulheres achei curioso em como, um colega homem e uma mulher, fizeram imediatamente o mesmo comentário “Então e eles enrolavam-se uns com os outros?”
O ponto de vista é interessante mas mais fiel à realidade está a abordagem da homossexualidade no livro, por mais pequeno apontamento que seja.
Achei curioso que quando fiquei a conhecer o livro não pensei na parte carnal, quer satisfação ou procriação embora esta esteja bem presente na história. Pensei apenas na liberdade de expressar a sua masculinidade em pleno, sem amarras das mães, das respectivas mulheres mas após ler o livro percebo que não podemos pensar num sem incluir a outra.
Boas leituras! :)
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