segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Opinião :: "Rainha Vermelha"

Toda a gente pode trair toda a gente

Num mundo dividido por poder, onde seres com capacidades sobrenaturais são superiores aos demais, os vermelhos, Mare Barrow não é ninguém. Nada mais que uma vermelha nascida numa aldeia suja e pobre, sobrevive no seio da sua família que se vê forçada a trabalhar para Prateados ou a lutar por eles nas trincheiras.
Destinada ela mesmo à frente de guerra dentro de 2 anos, Mare ajuda a família com pequenos roubos aqui e ali já que não tem aptidão nenhuma que lhe garanta trabalho num mundo dominado por Prateados e onde vermelhos lutam dia a dia pela sobrevivência em condições miseráveis.
Mas o seu desejo de salvar quem lhe é mais querido, leva-a por um caminho sem retorno quando num abrir e fechar de olhos se vê no meio do ninho de víboras que é o mundo especial dos Prateados, com a sua superioridade, poder e o desdém pelos seres inferiores que os servem, por seres como Mare.
Numa reviravolta de eventos (uma das primeiras) Mare torna-se num caso especial, que tem de ser cuidadosamente vigiado e controlado, como um pequeno fogo que todos desejam apagar para que não se alastre e dizime tudo à sua volta.
E assim, de um dia para o outro, Mare, uma vermelha nascida e criada na mais baixa condição humana ascende a um lugar ao sol, a uma mentira bem cuidada que a oculta dos olhos do mundo mesmo estando à frente de toda a gente.

Rodeada da Corte, incluindo os Princípes Cal e Maven, Mare vê todos os dias o que o outro lado se orgulha de transmitir, Poder e Morte. Dividida entre se mistura com Prateados e manter-se fiel a si mesmo, Mare tem de recorrer a todas as suas subtilidade de ladara para sobreviver.
E quando o seu sangue vermelho é chamado a responder a um apelo dos seus, irá Mare permanecer na jaula que para ela criaram ou alcançar o mundo lá fora?
E na casa do inimigo em quem poderá Mare confiar? Em quem a salvou um dia? A quem apela aos seus sentimentos? Ou a quem a reconhece com aquilo que ela pode ser, a faísca que ateará o fogo da revolução?


Mare Barrows tornou-se de longe a minha heroína preferida. Miúda, tu és dinamite!
Toda a dinâmica da divisão entre Prateados e Vermelhos, separados pela cor do sangue e as aptidões especiais que apenas os primeiros se vangloriam de ter, todo o mundo criado por Victoria Aveyard é estupendo.
Consegue-se sentir a injustiça na condição dos vermelhos, a animosidade e superioridade latente nos especiais Prateados e ainda a borbulhante rebelião que o mundo que ambos conhecem está a pedir.

Este livro escalou a pilha das preferências até ao topo. Acho que vou ter de olhar com atenção para tudo o que li este ano e ver onde se encaixa esta Rainha Vermelha que irradia luz, traição, injustiça e lealdade.
Toda a gente pode trair toda a gente, inclusive o próprio leitor é traído quando acalenta preferências por um personagem que no final nos esventra com a verdade de que não podemos confiar em ninguém, não quando a sede de poder é o que move o mundo, o nosso e o deles.



Adorei, adorei, adorei…
não é esta a melhor forma de acabar um livro?
Ah sim, a melhor forma é mesmo dizer “PRECISO DE LER O SEGUINTE, IMEDIATAMENTE!”
Para quando o “Glass Sword”?


E não posso deixar de dar os parabéns a quem se lembrou de dizer que “Rainha Vermelha” é um magnífico cruzamento entre Hunger Games, Game of Thrones e X-Men….ya, isso tudo! :)

E depois de tudo isto, resta-me dizer...
Vocês estão lá, 
vocês estão lá!

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