domingo, 28 de outubro de 2018

Opinião "O Prédio das Mulheres Que Desistiram dos Homens"

Para uma total mudança de perspectiva nas tramas que são as relações amorosas entre homens e mulheres, vamos falar de um livro em que as mulheres, por desgosto ou fastio, excluíram os homens da sua vida. Ou pelo menos assim o parece. 


 Quando umas das inquilidas deste prédio exclusivamente feminino decide partir para uma aventura no outro lado do mundo, deixa vazio um andar que rapidamente é ocupado por Juliette, a nossa protagonista. A mais jovem de todas as intervenientes desta história, Juliette, a quem as regras do prédio foram ditadas à priori, alberga uma mente que saltita, ainda que secretamente, como uma bobine solta por pensamentos de sons, cheiros e coxas masculinas. O seu desejo por amor e aceitação, algo que nunca teve ao longo da sua vida, é um segredo que guarda bem longe das suas novas vizinhas e amigas. 

 Giuseppina, a Siciliana, o único tentáculo num polvo forte composto por homens rigidos, que sempre viveu um vida ditada pela virtude e o serviço à família. 
Rosalie, a ex mulher moderna e metade da dupla "Rosalie e François" até ao dia em que ele saiu para comprar tabaco e nunca mais voltou tal era o medo do compromisso e da mini van com um banco de trás repleto de putos aos gritos. 
 Simone, outrora uma filha do campo, conta com uma surpreendente aventura por terras sul americanas que a fizeram voltar à pátria com um filho nos braços, conta agora com um ninho vazio, povoado apenas pelo odor dos seus cozinhados, a presença calmante da sua planta de cannabis e o ronronar de Jean Pierre, o único macho autorizado a meter a pata no imóvel. 
Quem ditou as regras foi a Rainha, dona do edificio e de uma aristrocracia intemporal de quem em tempos foi adorada em palco mas infeliz no amor. Foi o italiano que lhe quebrou o coração que a presenteou com o prédio em que hoje estas mulheres, que renegaram os homens das suas vidas, habitam num pacato pátio no 20º arrondisement parisiense. ​

"Então porque desististe? 
Não desisti dos homens. Desisti, sim, de sofrer. 
... 
A formação de um casal não é a única resposta à pergunta "como ser feliz?"​ 

 Um romance fora do vulgar, que me fez sorrir pelos momentos em que eu própria já pensei se não haveria um andar para mim neste prédio. 
Uma leitura curtinha e que nos pensar se estamos a renunciar o amor ou apenas o sofrimento.