A leitura é uma viagem por palavras nacionais, estrangeiras, umas cultas, outras menos, umas mais rebuscadas, outras simplificadas, algumas levam-nos às lágrimas, muitas delas às gargalhadas e as melhores, aquelas que nos deixam abismadas, tamanha é a profundeza da ideia, da genuinidade expositiva, onde a simples contemplação daquelas palavras nos deixa assim: sob o Efeito dos Livros!
Quando uma mulher conhece o atraente e charmoso Bryce Laurent através de um site de encontros, a atração é imediata. Contudo, à medida que a ligação entre eles se torna mais intensa, a verdade sobre o passado de Bryce, e o seu lado mais negro, começam a emergir. Tudo o que contou sobre a sua vida revela-se uma teia de mentiras e, aos poucos, a paixão de Red Westwood converte-se em terror.
«Lembra-se de mim?», interroga, do outro lado da linha, a voz que arranca Patrick Kenzie do sono profundo. Uma voz feminina e uma frase em jeito de ameaça: «Encontrou-a uma vez. Volte a encontrá-la. Deve-me isso.»
No dia seguinte, eis que ela surge de novo, no cimo das escadas do metro. Um rosto marcado pelo tempo e pela mão severa do destino. Um rosto que Kenzie não esperava rever.
Há doze anos aquela mulher pedira-lhe que encontrasse a sobrinha Amanda, de quatro anos, que desaparecera. Os detetives privados Kenzie e Angie Gennaro tiveram sucesso, mas o caso deixou-lhes um amargo de boca: a menina foi devolvida aos cuidados de uma mãe negligente e alcoólica; e os raptores que, afinal, não queriam mais do que entregá-la a uma família que cuidasse bem dela, foram sentenciados a duras penas de prisão.
Por isso agora que Amanda, com dezasseis anos, desapareceu novamente, Kenzie sente-se obrigado a investigar. Mais a mais porque também ele sabe o que é ter uma filha e o que um pai está disposto a fazer para a ver feliz. A sua investigação será o começo de uma viagem ao coração de um mercado sombrio, onde se traficam identidades e adopções. Um mundo onde o bem pode assumir os contornos do mal, e o mal camuflar-se de bem. Um precipício do qual é melhor não nos aproximarmos muito.
"O vendedor pensou mal de si; pensou que a deferência que lhe notara nos olhos fora coisa engolida pelo bolor da solidão..."
"Firmino jurava ao tio que nascera para estar ali, para ser aquele homem, e não o que fora parido tão pobremente. «Quem fabrica os destinos também tem direito a errar uma vez ou outra. O meu, como vinha enganado, foi preciso emendá-lo», disse ao tio com sorriso de troça, enquanto sorvia copos de champanhe.
Não se engane é o leitor e fique com este livro por ler!
Carlos Campaniço regressa ao Alentejo, criando um cenário de uma terra típica como muitas outras alentejanas, como a sua Safara, numa época onde as lides da recente República se sentem na presença da Guarda Nacional Republicana. Neste caso, a mãos com o homicídio de Firmino António Pote, de sua alcunha ou baptismo popular, Dom Rufia ou também Dom Morto. Mas que não lhe caia o nome em desgraça e perca o Dom, pois tudo este homem fez para obter melhor título e posição social. No entanto, talvez o charme e o bigode fininho lhe atrapalhassem os planos, já que as mulheres foram muitas e quase lhe arruinaram o dom da ubiquidade.
Na ânsia de enganar o destino e os corações de quem se perdia de amores pelos seus atributos, Dom Rufia foi conseguindo troçar do destino e inventar uma nova vida. Uma não! Uma por cada vila alentejana e respectiva mulher. Podemos até dizer que ele reencarna a ideia do homem dos sete ofícios sem ter tido ofício nenhum.
"Lembro-me como se fosse hoje como se iniciou no contrabando e na venda de canários do Brasil.
Aquelas palavras, ditas em tão sossegado ar, foram uma espécie de toque de cornetim. A gente que estava apardalada sacudindo o sono e pôs-se em sentido, ademais falava Teresina e ela podia não gostar que não se desse atenção às suas lembranças, sendo essa uma forma usual de pranto."
Maria Teresina, tia e mãe de criação de Dom Rufia é a meu ver, a personagem feminina com mais personalidade, as cenas que têm acções suas são sempre de risada total. Aliás todo o livro está repleto de humor, não só pelas aventuras do próprio Firmino, como pelo uso rebuscado da língua, que lhe dá toda uma outra graça. Através de todas as outras mulheres o leitor sabe, pela voz do narrador, das fanfarronices e das diatribes persuasivas do personagem e somos incapazes de não rir e não nos divertirmos com ele.
Todo o livro tem o velório a pano de fundo, mas todo ele tem uma aura sarcástica e humorística, pela forma como se vai sabendo da vida deste alentejano peculiar, para não lhe chamar mentiroso.
"Com uma educação treinada para angariar simpatias, e depois de tanto contacto com os melhores salões e as mais educadas famílias, os gestos e os dizeres de Firmino deixavam as senhoras deleitosas. Um homem gentil e importado com as mulheres, num tempo de maridos afirmativos, era uma sombra naquele grande deserto que era a igualdade de géneros, onde nem a palavra nem o conceito haviam ainda sido inventados."
De Fernão Baixo como vendedor de canários, a passagens por Évora para actividades ilícitas, ou em Alvito para lides de médico, Firmino foi sempre surpreendendo, juntamente com um conjunto de personagens, umas mais especiais, outras com um toque de surreal, uns bonacheirões, outros mais pantemineiros, o que é certo é que o rol delas é afinado perante a exigência de cada situação. De destacar são também os nomes de cada um que só por si colocam logo um sorriso no rosto do leitor.
Senti até que toda a intriga se chega muito próxima à mestria do autor em «Os Demónios de Álvaro Cobra», dando, sem dúvida, um enlevo diferente a este livro que desencabresta o leitor. ;)
*
Em função de algum alentejanar talvez possa o leitor sentir curiosidade e desejar a consulta mais atenta deste Dicionário Alentejano. Para a leitura do livro, é claro!
O atraente e carismático Oliver Ryan é a imagem do sucesso. Ele e a mulher, Alice, levam uma vida invejável de privilégio e bem-estar. Invejável até que, certa noite, depois do jantar, Oliver agride Alice com tal violência que a deixa em coma.
O próprio Oliver fica aturdido com o seu gesto. No período que se segue, enquanto todos tentam perceber o que terá motivado esse surpreendente ato de selvajaria, Oliver conta a sua história. E o mesmo fazem aqueles com quem a sua vida se cruzou ao longo de cinco décadas. A verdade é ao mesmo tempo trágica e monstruosa, uma história de vergonha, inveja, fraude e manipulação.
Só Oliver sabe o que teve de fazer para alcançar a vida que ambicionava e a que sentia ter direito. Mas nem mesmo ele está preparado para o choque que a revelação do passado lhe reserva. O Segredo do Escritor é uma história invulgar de tensão psicológica, um retrato complexo e empolgante sobre a génese de um sociopata, na tradição de Barbara Vine e de Patricia Highsmith.
Três novidades, três óptimas sugestões para as férias.
"O Diário Secreto de Laura Palmer"
Laura Palmer a rapariga de rosto doce de Twin Peaks escondeu as suas acções mais sombrias e os sonhos mais retorcidos num diário secreto, a partir dos doze anos... até ao dia em que foi assassinada.
O diário contém pistas importantes sobre a identidade do seu assassino. E, para os habitantes de Twin Peaks, tem início um mistério que irá obcecá-los a todos...
"Confissões"
Os seus alunos assassinaram a sua filha. Esta é a sua vingança.
Os seus alunos assassinaram a sua filha. Ela não quer justiça, só vingança.
Confissões é um romance narrado a várias vozes, magistralmente construído onde o suspense é mantido até o fim, quando as diferentes peças encaixam. Mas também é uma reflexão sobre o sistema educativo, os laços familiares, o comportamento humano, o amor e a vingança.
"O Homem que Matou Sherlock Holmes"
Um thriller emocionante através de uma viagem pelos casos clássicos de Sherlock Holmes.
Durante mais de um século, os segredos do diário desaparecido de Sir Arthur Conan Doyle estiveram enterrados. Agora tudo está prestes a mudar...
Escaldantes como nos primeiros livros, Eva e Gideon continuam a ser um dos meus pares literários preferidos, no que toca aos romances eróticos contemporâneos.
Hey, é de lembrar que me lancei na leitura dos três primeiros num fim de semana para depois pegar no 4º com tudo bem fresquinho na minha cabeça.
Aconteceu uma vez, não digo que não aconteça novamente, quem sabe lá mais para a frente.
Continuo a adorar esta série como no primeiro dia.
Mas preferência à parte, vamos lá falar deste 5º e último livro.
Dotados de uma ferocidade e lealdade louca, estes dois encontraram nos seus defeitos e mágoas o ponto de união que torna o seu romance (e casamento) algo sólido, embora louco.
Deixámos o livro anterior de aliança no dedo e com planos de tornar público o amor que une estes dois. No entanto, viver sob o olhar do mundo sempre foi um detalhe que colocou obstáculos no caminho de Gídeon e Eva.
Mais crescidos, ponderados e com desejo de fazer com que a sua relação resulte, vemos Eva e Gídeon lutar por selar perante o mundo a sua união. Porque mesmo tendo deixado alguns detalhes do passado em K.O técnico no ringue, ainda há muitos desafios no dia a dia destes dois. E a inveja e o ódio de terceiros será sempre uma pedra no sapato do Sr. e Sra. Cross.
Ou será que ao fim deste tempo juntos ainda há maneira de eles próprios sabotarem a sua relação?
Haverá no final do caminho um "felizes para sempre" ou será sempre um "prefiro discutir contigo do que rir-me com outra pessoa qualquer"?
Eu cá continuo rendida e este último livro não me desiludiu em nada.
:)
No tempo que este livro demorou a chegar cá sei que muitas das nossas seguidoras se chegaram à frente com a edição brasileira ou em inglês. Umas ficaram loucas e adoraram, outras nem por isso.
Por aqui não damos spoilers, já sabem disso. Logo vou tentar dar a minha opinião sem dar a entender nada de especial.
Adorei rever Gídeon e Eva. Acho-os mais credíveis de livro para livro e continuo a adorar a dinâmica louca entre eles. Gídeon, mesmo com todos os seus dramas, está no topo da minha lista de personagens masculinos. Ajuda eu imaginar o Henry Cavill cada vez que um certo moreno é descrito em fatos de três peças.
Este último capítulo, que muitos dizem ser a mais, outros não ser suficiente, é o último degrau que atingimos antes de deixarmos estes personagens "seguirem" as suas vidas pós o fim do capítulo. No entanto há um acontecimento que, devido ao seu impacto, devia ter um efeito diferente nas personagens. Talvez seja por isso que algumas pessoas se queixaram. Cá para mim, a questão é esta:
Será que isso muda em alguma coisa a minha percepção das personagens e da história? Não!
Se estraga alguma coisa? Nem de longe!
Se eu queria ler mais? Obviamente que sim mas compreendo que chegou a hora e dizer adeus a Gídeon, Eva, Cary, Ireland, Angus, Mark, Chris...
Quando assistimos ao lançamento de um livro ficamos logo um pouquinho mais ligados a ele, certo?
Vimos de lá de livro na mão, na maioria das vezes, e somos incapazes de não espreitar como começa.
Este começa assim:
"Nenhum de nós sabe o que sente Hyperion entre as árvores de Redwood. Ou o que avista esta sequóia gigante ao sobrancear o resto da floresta (...)
O que sente a mais alta das plantas, Hyperion, a que não vai a lugar nenhum?
Sonhará a árvore com o som dos seus membros a quebrar, com a dor gigante de quem cai de uma descomunal altura, com a vibração dolorosa das coisas que se partem, a vir desde as raízes mais fundas até à última das folhas?"
Não é com Hyperion que seguimos por esta floresta dentro. Seguimos antes o rasto de Samuel, também ele do alto da sua solidão, da sua dor que se agiganta com o passar dos anos. A vibração sentimo-la pela escrita muito próxima e real de Possidónio Cachapa que consegue abarcar com uma árvore só, e os seus ramos, muitas das ramificações da vida.
"As árvores sabem uma coisa que os homens negam. Que um segredo sobre o fim de tudo é, na verdade, apenas o começa de outra coisa qualquer.
(...) da forma como confundiam o tamanho das suas sombras com a dos próprios corpos.
(...)
Concluíam que os homens ora se vêem sementes muito ao fundo da terra ora carvalhos milenares acima da florestas."
É nesta oscilação entre sementes e carvalhos milenares que vamos encontrando personagens como Jude e Samuel ou os seus três filhos, Laura, Esperanto e Vitória, mas também ao inspector Casaca (que sem o inspector atrás não tem a postura de uma árvore) e a Marcelino. E isto sem esquecer de Mário ou das famílias que alimentaram silêncios e condicionaram futuros.
"Numa altura em que o mundo era muito diferente. Onde se achava que o futuro seria algo mais do que uma parede espessa que os impediria de chegar a qualquer lado.
(...)
O silêncio tem, entre os medíocres, a fantástica virtude de permitir falar por cima."
É difícil falar sobre este livro sem revelar detalhes da história de Samuel, mas revejo nele algumas das preocupações com a família, recordando-me o «Materna Doçura». Quando o li, salientei a escrita devoradora. E aqui, isso repete-se. Há uma energia devoradora nos enredos que Cachapa constrói. Uma preocupação constante com o amor e com a necessidade de sermos benévolos e carinhosos. Estando a redenção maior no amor aos outros. Voltando assim ao amor de sangue, o amor aos nossos.
"(...) tomar conta dos outros, às vezes temos de parar, abrir-lhes apenas os braços e ficar ali, sem fazer nada. (...) Rir com eles. Ser amado e amar. Só isso. Ou não deixar que a necessidade de abrir o ventre da terra, ciclicamente, se torne uma obsessão. O vício que tudo cega. A terra dá e a terra tira. Porque a terra espera também o dia em que será vencedora sobre o corpo físico do homem. Nela entrará a sua carne ou pousarão as suas cinzas."
Neste «Eu sou a árvore» há a presença constante da morte. A morte nas mais variadas formas. E talvez esse peso esteja cá para lembrar o quão frágil e efémera pode ser a vida quando abandonada apenas à brutalidade do destino, misturado aqui com a ruralidade com que se cruzaram estas vidas.
"E Samuel, com o coração cheio, esqueceu-se de que nunca antes as tinha visto, muito menos tocado um daqueles troncos rugosos, um ramo um pouco mais velho do que ele próprio e que parecia comunicar consigo.
(...)
Samuel tirou as mãos dos bolsos e viu que estavam brancas e duras. Mãos-montanhas, prontas para lutar amorosamente com a dureza da terra. E assim foi."
*
Um livro COMPANHIA DAS LETRAS | Pengin Random House
A critica é unânime. Lucia Berlin é largamente aclamada e premiada. No passado mês de Junho, "Manual para mulheres de limpeza", foi o título ganhador do California Book Award, destacando o melhor livro de ficção nos Estados Unidos, e ainda o Prémio Libreter que destaca o melhor livro de literatura estrangeira em Espanha, atribuído pelo Grémio de Livreiros da Catalunha. Os jornais The New York Times e The Guardian atribuem-lhe o selo: "descoberta literária do ano". Por cá, quem o publica é Alfaguara, do Grupo Penguin Random House que reúne 43 das 76 histórias que são conhecidas de Lucia Berlin. Segundo a editora, "um estilo muito próprio", "faz eco da sua própria experiência -- tão rica quanto turbulenta".
A forma esporádica como foi escrevendo deixa na sua escrita a marca do dia a dia, trazendo-nos histórias que sobrevivem tanto à banalidade como ao peso do quotidiano. A realidade relatada nos escritos de Berlin foi associada à sua própria vida. Talvez seja essa autenticidade associada à brutalidade em muitas das partes da sua narrativa que lhe conferem uma importância ainda maior. Os seus contos oscilam assim, tal como a vida, entre episódios peculiares e divertidos, mas também momentos dramáticos e perturbadores que se conhecem por terem pautado a sua atribulada vida.
A selecção dos contos foi muito bem feita e até a forma como vão surgindo no livro, permitem-nos acompanhar o passar do anos, mas também, atingir um ponto tal de confusão entre relatos pessoais e ficcionais, ao ponto de o leitor não conseguir dizer ao certo que fio condutor rege estas vidas, mas será preciso?
"Que outras coisas perdi? Quantas vezes na minha vida terei estado sentada no alpendre das traseiras, não no da frente? O que teria sido dito que não consegui ouvir? Que amor podia ter havido que eu não senti?
São perguntas vãs. (...)"
A força da sua escrita sente-se de tal forma que em breves parágrafos e com a energia que nos transmite, passamos a ser testemunhas de cada acontecimento. É como se estivéssemos lá. E termos lá chegado valida cada momento ali descrito. Em alguns deles, Berlin parece contar-nos segredos, como se sussurrasse aquelas palavras, e dessas vezes, a força é mais contida, como que sufocada, mas muito mais profunda. Há dor, drama, muitas lágrimas e medo, nas linhas que rebatem certos acontecimentos aqui expostas ao leitor.
Ainda assim, percebe-se o quanto se nega à auto-complacência ou ao ressentimento. Aliás no final, é exactamente isso que volta a ser frisado:
"(...) O único motivo por que vivi tanto tempo foi ter largado o meu passado. Fechar a porta à dor, ao arrependimento, ao remorso. Se os deixar entrar, basta uma nesga autocomplacente, zás, a porta abre-se por inteiro e eis que entra uma torrente de dor que me rasga o coração e me cega os olhos de vergonha (...)"
Por isso, o melhor fio condutor para todos os seus contos é o humor. Nuns contos será a gargalhada alta e estridente, noutros apenas o leve sorriso que apenas sobe um canto da boca, mas ainda assim, está lá. Sim, é isso. A energia dos seus contos é fruto do humor que coloca em cada relato que faz do que a rodeia ou do que marcou a sua vida.
"«Sim, agora não parece tão chocante, não é? Que tenham vindo de férias depois de a mãe ter morrido.»
«Sabe... é pena que não seja uma tradição. Umas férias pós-funeral, como uma lua-de-mel ou uma festa de boas-vindas a um bebé.»
Riram-se as duas. «Herman!», disse a Srª Wacher ao marido. «Depois de nós as duas morrermos, vocês, homens, prometem ir fazer uma férias juntos?»
Herman abanou a cabeça. «Não. São precisos quatro para jogar brídege.»
Despudorada, meio seca, recheada de análises simples do quotidiano e um bando de gente anónima. São estes os ingredientes destes contos. E se a certa parte, quase no final, lemos: "Tudo o que de bom e mau aconteceu na minha vida foi previsível e inevitável, especialmente as escolhas e as acções que garantiram que agora estou totalmente sozinha." Talvez sejamos levados a pensar que a escrita foi uma companheira de vida e de estrada de Lucia Berlin e que muito do que guardou para os seus contos fossem conversas que nunca chegaram a acontecer, no entanto, talvez o facto de só postumamente ter obtido reconhecimento literário venha aumentar o mito e o drama em torno da sua vida. No entanto, quer-me parecer que viveu consoante os seus desejos, fervilhantes e intensos, e só digo isto pelo que de apaziguador que a sua escrita me transmite.
E há ainda outra coisa, Berlin tem contos que são como uma ode à frase de Mae West: «quando sou boa, sou muito boa, mas quando sou má, sou melhor ainda!»
Um livro ALFAGUARA.
Para ler mais sobre a autora:
Lydia Davis na Sábado e o texto de Isabel Lucas no Público
Confesso que não fiquei imediatamente rendida à trama de Illuminae quando li a sinopse. O design do livro era inovador e invulgar, a premissa deveras interessante mas seria isso o suficiente para me agarrar?
Sabem a que conclusão cheguei?
Podem ter a certeza que é suficiente sim. A história e a excentricidade de "ILLUMINAE" agarrou-me toda e mais um bocadinho.
Já não parei de ler de tão embrenhada que estava na história. Se pensam que o modo fora do vulgar como a história está escrita vos confunde ou faz perder alguma coisa, estão enganos. Isso é exactamente o que vos prende!
Conhecemos Ezra e Kady no dia em que os seus problemas mundanos se tornam minúsculos perante um ataque inimigo que dizima o planeta onde vivem, Kerema IV.
Sim, nota para a entrada no plano galáctico. São 599 páginas de naves, planetas, termos informáticos mas 599 páginas de uma severa luta pela sobrevivência, pelo certo/errado, pelo amor e pelo cumprimento do dever.
Intervenientes que ganham importância ao longo a história mas que são desde o primeiro momento as personagens principais, Kady e Ezra estavam de costas voltadas até o perigo eminente lhes ter caído em cima e no processo de fuga terem acabado em naves diferentes.
A frota que foge de quem destruiu Kerema é composta por três naves e quando uma é destruída é que os grandes problemas começam a aparecer.
Relatado com mensagens, transcrições audio, descrições de vídeos de vigilância e relatórios, "ILLUMINAE" é contado em retrospectiva, só não sabemos pela mão de quem.
E o romance ou desfile de confissões e pedidos de desculpa de Kady e Ezra são uma percentagem pequena na confusão que é a fuga e sobrevivência da frota.
Quando a criação do homem se sobrepõe ao criador, até que ponto estão a salvo aqueles que tomam as decisões de vida ou morte de tantos milhares?
Podemos tomar decisões lógicas se o peso da componente humana for esmagadora? Poderá uma Inteligência Artificial reclamar essa tomada essa decisão e selar o destino de milhares? Até que ponto estamos dispostos a ir para contar a verdade? O que estamos dispostos a perder para a esconder para todo o sempre?
Desde "The 100" que estou vidrada na ideia das IAs e no quanto elas me assustam.
Em "Illuminae" o romance é um bombom no fim de uma refeição cheia de decisões delicadas, conflitos éticos, luta pela sobrevivência e uma forte componente humana, mesmo de quem nem humano é.
Ouvi dizer que a produtora do Brad Pitt comprou os direitos de adaptação de "ILLUMINAE". Por mim estava dava uma série estupenda.
E depois do final, eu já só quero continuar para o segundo.
Será que chegam ao seu destino? Sozinhos ou com o que resta da frota?
Quanto a vocês leitores.
Estão preparados para apostar num livro fora do vulgar?
É este!
PS: ler este livro num transporte público foi uma aventura. Deviam ver a cara das pessoas quando eu passava as páginas.
Na Vida Com Garra é um livro é sobre luta. Mas não é apenas sobre judo ou para os amantes deste desporto. É um livro sobre a vida e a forma como a agarramos com as duas mãos, olhos nos olhos, com garra.
A judoca Telma Monteiro transmite, neste livro inspirador, as ferramentas e estratégias que desenvolveu ao longo da sua carreira como atleta de alta competição, e que todos podemos aplicar no dia a dia para nos tornarmos vencedores.
Mais do que um desporto, o judo é uma filosofia de vida que nos ensina regras fundamentais e como podemos conhecer-nos a nós próprios - as nossas fraquezas e forças, como nos levantarmos depois da queda, o respeito pelo adversário, a disciplina, o trabalho árduo, a capacidade de manter o foco no objetivo traçado.
Do tatami para a vida real, Telma Monteiro partilha as histórias por trás das medalhas, o suor por trás dos sorrisos, as lições que os momentos menos bons lhe trouxeram. Uma coisa é certa: ganhou muito e sempre, mesmo quando perdeu.
"Naquele ano pareceu-me que a qualidade da refeição do Dia de Acção de Graças era superior (...) O tio Saul estava rejuvenescido. A tia Anita tornara-se ainda mais bela. (...) O meu tio, a minha tia, os meus primos: julgava-os em perpétua ascensão, mas estavam em plena queda. Não o compreendi senão anos mais tarde. (...) Como podia eu ter imaginado o que lhes iria acontecer."
São exactamente esses anos mais tarde, mas também os de juventude e os de infância que encontramos em «O Livro dos Baltimore». A história da parte mais admirável da família Goldman antes, durante e depois de o Drama se ter imposto naquelas vidas.
Dicker volta a conseguir escrever um page turner capaz de agarrar o leitor, capítulo atrás de capítulo, dando pulos cronológicos que não baralham o leitor, mas antes alimentam nele uma enorme curiosidade de conhecer mais daqueles três primos, quase como se entrássemos num livro de aventuras.
"Um bom livro, Marcus, é um livro que lamentamos ter acabado de ler"
Sabendo que este livro vem na sequência do de Nola Kellergan, somos tentados a recordar toda a intriga pensando nós que o Drama a que Marcus se refere é esse, mas não. O nosso engano dura menos que cem páginas. E com isto não estou a dar qualquer spoiler. Percebemos rapidamente que o autor voltou a criar um novo enredo de mestre, colocando o foco no seio da família. Por isso, oscilamos entre o deleite com que lemos as aventuras dos primos, o peculiar Hillel, o duro Woody e o romântico Markie; e a desventura que os apanhará anos mais tarde, alterando a vida de todas estas ramificações da família Goldman.
É muito interessante a forma como este livro emparelha com o anterior, sendo, cronologicamente, anterior. Parece complexo mas não é e não precisamos de estabelecer ligações, pois a força com que este decorre absorve-nos por completo e ficamos novamente presos à busca pela verdade que esconde a história desta família. Dicker volta a traçar um enredo minucioso e consegue, novamente, fazer-nos ficar ligados às personagens. Fiquei fã de Hillel.
No entanto, acho que algumas das divagações ou diálogos em que o autor coloca Mark, nomeadamente sobre o futuro, talvez sejam um pouco mais negros e descrentes e em certa parte mais realistas para os tempos actuais. Nisso, senti um afastamento face ao anterior.
"- Oh, peço-lhe: pare com as suas cantigas de revolucionário quem que ninguém acredita. O livro é o passado, meu pobre Marcus.
(...)
Os filhos dos seus filhos vão olhar para os livros com a mesma curiosidade com que nós olhamos para os hieróglifos dos faraós. Dir-lhe-ão: «Avô, para que servem os livros?» e responder-lhes-á: «Para sonhar. Pu para cortar árvores, já não sei.»
(...) O futuro já não está nos livros, Goldman."
Alguma desta inocência militante de Mark podemos também encontrar na aproximação romântica ao seu primeiro amor, se por um lado as cenas com o cachorro se tornam deliciosas, já os diálogos entre os dois têm um pouco de mel a mais, mas é o único defeito que tenho a apontar à escrita do autor. Nesse aspecto de amor pouco funcional, se é que esta é a palavra; o toque de Lolita no primeiro, funcionou melhor.
Se antes a pergunta que sempre atormentou o leitor é: «Quem matou Nola Kellergen?», agora preocupamo-nos com: «O que, de facto, aconteceu com os Goldman de Baltimore?»
Sem dúvida, uma leitura para este Verão!
*
Um livro ALFAGUARA | Penguin Random Grupo Editorial
Patrícia Müller cativa-nos desde logo pelo título sugestivo. «Uma senhora nunca» parece inacabado, como que lançando uma pergunta ao leitor ou até, pedindo-lhe uma resposta, oferecendo depois nas suas páginas a confirmação, ou não, do que podemos pensar que uma senhora nunca deve fazer, pensar, sentir...
"Nunca suportou a ideia de que um comportamento seu pudesse ser alvo de crítica. A santidade é uma prática e não um conceito longínquo. (...) A religião é a psicanálise de uma senhora."
Neste primeiro contacto com a escrita de Patrícia Müller fica desde cedo a certeza de uma narrativa espirituosa, pautada de um humor peculiar, elevada crítica social, que mesmo de época, se estende até aos nossos dias e de um enredo cativante e envolvente.
"Maria Laura sentiu-se encurralada (...) imagens do fatídico dia perseguiam-na. Nunca tinha sido feliz, mas durante muito tempo foi essencialmente triste."
De forma sôfrega vamos devorando esta narrativa que não nos oferece respostas, antes pelo contrário, assalta-nos com novas questões que temos medo de não ver respondidas devido à demência que vai atacando Maria Laura.
"A mente é o mais formidável órgão que Deus fez», Maria Laura repete isso nas intermitências da lucidez (...)"
"Maria Laura tem uma carroceira dentro de si e ela não sabia. E não sabe onde é que a carroceira aprendeu a bíblia do vernáculo. (...) Lucinda fica petrificada de horror diante deste cenário (...) sem a Maria Laura introvertida, moralista e tristonha, alguém tem de gerir a espiritualidade da família."
É essa família que vamos conhecendo através de capítulos de fervilham de detalhes e novos tentáculos que envolvem e acrescentam emoções, acontecimentos, tragédias, decisões, amores e obrigações que foram determinando a vida de Glória e Policarpo, os pais de Maria Laura; a vida com Carlos e o enteado e até a sua filha Lucinda, de todos nos vamos tornando íntimos, aceitando a duplicidade e os segredos que os saltos temporais revelam.
"O barroco de Maria Laura também vem da avó Augusta. Nunca lhe deu um abraço, mas ensinou-a a espremer o sumo trágico de qualquer acontecimento."
"É a tarefa mais árdua, mesmo para Maria Laura: fazer da duplicidade escancarada uma ideologia que converta qualquer alma à religião que ela propagandeia, a apologia do segredo."
Este «Uma senhora nunca» pode muito bem elogiar e propagandear os segredos e os pecados familiares e até uma certa mesquinhez que daí advenha, mas em altura alguma se perde no melodrama familiar, pois Maria Laura é uma personagem fortíssima, uma senhora que tenta superar todas as neuroses próprias da vida que escolheu, empurrada pela época, mas também por Policarpo e Glória.
"O coração de Policarpo descobriu-se totalitário com a mulher e concretizou-se ditador com a filha."
Maria Laura é uma senhora, mas foi também filha, esposa, neta, avó, foi mais ainda, quando sem deixar de ser uma senhora, foi simplesmente mulher.
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Este texto foi publicado no Deus Me Livro, para a rubrica Mil Folhas, confira aqui.
O que serias capaz de fazer para alcançar aquilo que mais desejas?
Junta-te ao fenómeno NERVE e descobre uma história arrepiante e provocadora.
Quando Vee participa no NERVE, um jogo online de desafios transmitido em direto, descobre que quem controla a competição parece saber tudo acerca dela. Oferecem-lhe os prémios que mais deseja e escolhem para a sua equipa Ian, um rapaz com quem qualquer rapariga do secundário sonharia. Nestas condições, é quase impossível resistir.
Vee aceita a primeira consequência. E depois outra. E outra. Se ao princípio o jogo parece emocionante (os fãs aplaudem e incitam-nos a ultrapassar desafios arriscados com apostas cada vez mais altas), aos poucos revela-se uma armadilha. Vee e Ian têm de decidir se arriscam a vida para o Grande Prémio ou se deitam tudo a perder.
Será o jogo letal?
Vejam o trailer
Nerve - Alto Risco é o livro empolgante que inspirou o filme, com estreia em Portugal em agosto 2016.
Tendo como cenário uma assombrosa e bela paisagem mediterrânica, o romance As Rochas recupera um confronto familiar entre expatriados na ilha de Maiorca e procura descobrir um segredo com décadas: qual terá sido o acontecimento misterioso e catastrófico que levou à separação de dois noivos em lua de mel, em 1948, de uma forma tão repentina e definitiva que nunca mais voltaram a falar-se, embora ficassem a viver na mesma ilha por mais 60 anos?
E de que forma, tantos anos mais tarde, a sua história influenciou o romance, ao estilo trágico de Romeu e Julieta, dos seus respetivos filhos? Centrado num conhecido alojamento de férias à beira-mar e nos seus hóspedes glamorosos que desfrutam da boa vida, do vinho, do sol, do sexo e das festas, esta é uma dupla história de amor que começa com um mistério que se vai adensando década após década.
A escrita de Peter Nichols, autor de vários bestsellers, está impregnada de um grande conhecimento da alma humana, mas também do seu particular humor, e captura na perfeição este mundo de personagens charmosas, complicadas, malcomportadas - com todas as suas falhas, manias, sofisticações e desejos genuínos. O resultado é um enredo agridoce, inteligente e romântico sobre como a interpretação da verdade pode ser poderosa - e como um mal-entendido se pode arrastrar irreparavelmente durante décadas.
Autora bestseller internacional, Deborah Lawrenson transporta os leitores até à soalheira cidade de Faro onde, separadas por décadas, duas mulheres são arrastadas para dentro de um jogo de verdade e mentira que ainda assombra aquela cidade Algarvia.
Sinopse
Ao viajar para Faro, a jornalista Joanna Millard espera fugir aos dramas da vida. De início tudo parece correr bem, e a costa algarvia torna-se ainda mais bela na companhia de Nathan Emberlin, um jovem carismático.
Porém, Joanna apercebe-se de que Nathan tem outros motivos para a procurar: descobrir a verdade sobre um rapto que poderá ter acontecido na região duas décadas antes. Joanna entra em contacto com Ian Rylands, um inglês que insiste que ela encontrará respostas no romance The Alliance. O livro conta a história de um casal americano em Lisboa durante a Segunda Guerra Mundial e das suas relações com os Alemães. Só que Ian diz não se tratar de ficção. Quanto mais pesquisa, mais Joanna se convence de que a história do romance e as suspeitas de Nathan podem convergir em Faro, onde o passado ainda se reflete em segredos do presente.
«O lado sombrio deste romance revela-se ainda mais arriscado no clima luminoso do sul de Portugal.»
Li na Islândia, este romance de Eduardo Belgrano e senti em certos momentos que me encontrava em paisagens semelhantes àquelas que me apresentavam a Terra do Fogo. E isso, é algo a que ficarei apagada, tanto ao que vi lá como aos momentos em que me sentei e absorvi aquele silêncio quase ancestral, para ler este relato de violência, mas também de ode à Natureza e aos povos indígenas. «Fuegia» ou «Para lá da Terra do Fogo» é um romance baseado em factos verídicos denunciando as provações pelas quais passaram os indígenas da tribo Kawésqar ou Alacalufes.
Esta é uma narrativa de apelo à memória, para que as Nações não se construam com base no esquecimento e na violência que perpetuaram contra os povos indígenas, sempre em função da prosperidade, do dinheiro e da conquista de soberania.
"De vez em quando estalava a polémica. Durante algumas semanas os diários vociferavam. Por ocasião de uma daquelas gritarias um cura piedoso escreveu a Buenos Aires. «De que serve remoer tudo isto? Já não vamos ressuscitar os pobres infelizes. E aqueles que os mataram já não estão entre nós. Mas agora convivemos com os seus descendentes. Querido padre: não temo a verdade. Mas prefiro dizê-las entre linhas, para não faltar à caridade."
O cenário com que arranca o enredo é o mais próximo da Natureza possível, em terra de guanacos e sobrevoados por procelárias, os canaleses e os parrikens, os pescadores, os ovelheiros, os ladrões e os aventureiros convivem numa paz fragilizada e tão instável como as águas das quais desconheciam a profundidade.
Os naufrágios e os mortos não seriam de forma nenhuma mais do que aqueles que morreram às mãos de novos povoadores e conquistadores, naquela que ficou conhecida com a matança de Lackawana.
"Da coberta avistavam-se perfeitamente os caranguejos que caminhavam no fundo. As margens povoadas de mirtos e o vento trazia com frequência o estalar das geleiras. Noutros tempos estes lugares tinham sido os melhores sustentáculos das goletas que andavam à caça de lobos-marinhos, quando disparavam de uma velha lancha a vapor em busca de caçadores furtivos."
O primeiro desafio deste livro é mesmo a linguagem riquíssima e até certo ponto específica com que o autor classifica e descreve de tudo um pouco. Entre kauwi, wigwam, corcovos, baldões ou caldeiros, goletas e escunas e os seus capitães gritadores; o enredo adensa-se e os costumes e afazeres de todos eles propalam-se e sentimo-nos um tanto perdidos. E para além deste choque inicial, é abraçar o desconhecido juntamente com todo o emaranhado de personagens que à semelhança de uma rede de pesca nos enrolam e caçam. No entanto, há uma personagem que se destaca, Camilena Kippa e a sua inesgotável capacidade de persistir.
"As pancadas que sentia nas costas indicavam que Camilena remava freneticamente. (...) Deu um par de remadas precisas. A canoa rolou perigosamente e acomodou-se ao seu novo rumo. A escuma foi atrás deles numa manobra elegante. Isso incomodou a canoeira. As escunas lobeiras viraram pesadamente enquanto os seus tripulantes praguejavam. Mas a escuna voava. Não havia cachiyuyos nem escolhos (...).
Camilena nem se virou para trás. Sentia sobre os ombros o olho maligno do homem da proa e esperava a explosão da sua Winchester."
Para além da força de Camilena há também toda a força da narrativa que Belgrano Rawson conduz com mestria e exige ao leitor atenção e entrega. O livro está repleto de uma poética irrefutável que atinge o leitor com a beleza descritiva de imagens que evocam outros tempos.
"Cada vez que via uma mulher a arranjar o cabelo pensava na sua avó. Recordava as suas irmãs a penteá-la com esmero, até o seu cabelo ficar com a cor de uma tempestade. Às vezes untavam-lhe o cabelo com tutano de cria de guanaco perfumado com violetas"
"Camilena descobriu a boneca de Isabela no chão e saiu-lhe um gemido do peito. (...) perguntou a si mesma se a morte dos seus filhos seria capaz de a matar. (...) Eram meditações difíceis, pois não havia maneira de esquecer por completo a uma pessoa morta, por mais que uma pessoa não dissesse o seu nome ou queimasse as suas coisas e matasse os seus cães."
*
Em 1992 este romance arrecadou o Prémio da Crítica e em boa hora foi cá publicado. Em 2009, quando o autor participou no LEV e agora finalmente, chegou-me às mãos. Recomendo vivamente a sua leitura e acredito que fará as delícias de muitos leitores. E também de alguns viajantes.
Nota: leiam este livro imediatamente após o primeiro. Se como eu ja o leram quando ele foi editado, façam um favor a vocês mesmas, releiam. Não haverá nada melhor que partir para "Apenas um ano" com o feeling especial que a visão de Allyson nos dá.
Nada melhor do que partir da imagem que guardamos de Willem pelos olhos de Allyson para aquilo que ele realmente é, para o que ficamos a conhecer dele quando é com os seus olhos que vemos o mundo,com os seus pensamentos que vivemos o dia a dia, com a sua dor que deambulamos pelo mundo em busca de algo que nem ele sabe bem o que é.
Dito isto, se nunca leste o primeiro não leias está opinião. A sério...caso contrário tudo o que eu diga será uma tremendo spoiler.
Regressamos a esta história e à vida de Willem naquela fatídica manhã em que vimos inicialmente Allyson, a nossa Lulu, acordar sozinha em Paris.
Um imprevisto selou o destino imediato destes dois e sem outra outra alternativa tiveram de seguir os seus caminhos em separado.
Mas o que será que aconteceu a Willem naquela manhã?
Será que procurou por Lulu como ela procurou por ele?
Será que aquele dia abriu um buraco tão grande na sua alma como na de Allyson? Como na nossa?
As respostas a estas perguntas e a outras que nunca pensamos colocar encontram-se neste segundo livro da duologia (que não pode acabar aqui...tem de existir continuação)
Não é fácil ver como um acontecimento pode mudar o rumo de uma vida inteira e este dia em Paris mudou com toda a certeza a vida destes dois.
Mudou com certeza a maneira como olho para quem encontro em viagem, para o modo como aceito as mudanças loucas que acontecem quando saimos da zona de conforto.
Isto dava um filme lindo, com um budget elevado devido aos locais de filmagens estrondosos que povoam a história mas algo digno de se colocar em movimento. A história de Allyson e Willem é um hino a expressão "o acaso comanda a vida" e fica para sempre no meu coração.
Após a leitura deste "APENAS UM ANO" decidi voltar à visão de Allyson e reler "Apenas um dia". Precisava que voltar a ver Willem, Paris e a procura por uma resposta pelos olhos de Allyson.
O goodreads diz que há um mini conto posterior a este livro. E agora?
Nota: leiam este livro imediatamente após o primeiro. Se como eu ja o leram quando ele foi editado, façam um favor a vocês mesmas, releiam. Não haverá nada melhor que partir para "Apenas um ano" com o feeling especial que a visão de Allyson nos dá.
Nada melhor do que partir da imagem que guardamos de Willem pelos olhos de Allyson para aquilo que ele realmente é, para o que ficamos a conhecer dele quando é com os seus olhos que vemos o mundo,com os seus pensamentos que vivemos o dia a dia, com a sua dor que deambulamos pelo mundo em busca de algo que nem ele sabe bem o que é.
Dito isto, se nunca leste o primeiro não leias está opinião. A sério...caso contrário tudo o que eu diga será uma tremendo spoiler.
Regressamos a esta história e à vida de Willem naquela fatídica manhã em que vimos inicialmente Allyson, a nossa Lulu, acordar sozinha em Paris.
Um imprevisto selou o destino imediato destes dois e sem outra outra alternativa tiveram de seguir os seus caminhos em separado.
Mas o que será que aconteceu a Willem naquela manhã?
Será que procurou por Lulu como ela procurou por ele?
Será que aquele dia abriu um buraco tão grande na sua alma como na de Allyson? Como na nossa?
As respostas a estas perguntas e a outras que nunca pensamos colocar encontram-se neste segundo livro da duologia (que não pode acabar aqui...tem de existir continuação)
Não é fácil ver como um acontecimento pode mudar o rumo de uma vida inteira e este dia em Paris mudou com toda a certeza a vida destes dois.
Mudou com certeza a maneira como olho para quem encontro em viagem, para o modo como aceito as mudanças loucas que acontecem quando saimos da zona de conforto.
Isto dava um filme lindo, com um budget elevado devido aos locais de filmagens estrondosos que povoam a história mas algo digno de se colocar em movimento. A história de Allyson e Willem é um hino a expressão "o acaso comanda a vida" e fica para sempre no meu coração.
Após a leitura deste "APENAS UM ANO" decidi voltar à visão de Allyson e reler "Apenas um dia". Precisava que voltar a ver Willem, Paris e a procura por uma resposta pelos olhos de Allyson.
O goodreads diz que há um mini conto posterior a este livro. E agora?