Precisava de escrever sobre este livro antes de começar outro, antes de a minha mente ser atropelada por outra história qualquer que, sem intenção, minimizasse os sentimentos que esta "Equação de um amor" causou em mim.
Tenho de confessar que peguei neste livro com um encolher de ombros. Sabem aquele pensamento que vos diz "oh well, mais um romance. O que será que me trazes de diferente dos outros que já li?"
Não foi a capa, não foi nome, nem a sinopse que me fez querer ler este livro. Nada disso me dizia que eu ia ler algo diferente. Mas há coisas que chamam por nós e para mim foi ROMA. Sim, eu decidi ler este livro porque parte da história se passava em Roma. Tenho um amor especial por aquela cidade a que chamo minha, nem que seja porque cada vez que lá vou deixo lá um bocadinho de mim.
Mas outra coisa pelo qual tenho um fraquinho, são histórias de amores perdidos no tempo, de amores "pedra no sapato", de amores capazes de mover as placas tectónicas do nosso ser e que nos impedem de nos ajustarmos à normalidade de um sentimento que não chega aos calcanhares desse amante que deixámos algures pelo caminho.
"Equação de um amor" tem a fórmula matemática do romance que nos coloca lado a lado com a protagonista, a palmilhar o caminho que a leva, uma e outra vez, de volta aos braços desse amor enquanto balança toda a sua existência passada, presente e futura.
Conhecemos Lea do outro lado do mundo, na previdente e organizada Singapura. Toda a sua existência actual, na sua torre de marfim, é o espelho da cidade a que, juntamente com o seu marido, passou a chamar casa desde que saiu da Europa. Os seus movimentos calculados, a sua vida mapeada e o futuro desenhado a regua e esquadro deixam no passado a comoção que ainda se agita dentro de Lea, como um vulcão adormecido, cujo magma ameaça expulsar a qualquer momento.
É com o aparecimento de uma porta para o mundo editorial, que poderá fazer de Lea uma autora publicada, que esta deixa a establidade da casa e do marido em Singapura e ruma à sua cidade berço, Roma, que é igualmente a alcofa da velha paixão que ainda hoje lhe assombra os pensamentos, como um membro fantasma que já não está lá mas que continua a doer.
Giacomo...
toda a gente tem uma pedra no sapato, Giacomo é a sua desde a tenra adolescência.
Um problema matemático que nunca conseguiu resolver, cheio de variáveis desconhecidas e de um passado obscuro que os anos não lhe permitiram conhecer. Cada vez que chegou um pouco mais perto, acabou por se queimar, qual Ícaro a voar tão perto do astro que a cegava.
Mas esse amor, que dizem ser cego, é o que fez Lea voltar, esquecer, tentar, pensar, afastar, sofrer, chorar, jurar, capitular...
E nós lá andamos, no passado e no presente, a beber do amor e da dor que moldaram Lea e toda a sua vida.
Como disse...tenho um fraquinho por uma história de amor que mata, que moí, que nos faz sorrir, sonhar, chorar e sofrer.
Acima de tudo tenho um fraquinho pelo acto de ser surpreendida, de ver beleza nos pequenos detalhes ou por encontrar algo que me faz sonhar ou voar para longe.
"Equação de um amor" faz isso tudo, embala-nos ao som de Chopin tocado ao longo de uma montagem cinematográfica, repleta daquele brilho romano e de sentimentos crus que nos dão uma tremenda vontade de nos apaixonarmos, quem sabe até de termos o nosso coração partido num milhão de pedaços só para conseguir voltar a escrever do mesmo modo poético e deslumbrado que Simona usa para nos dar a conhecer a história destas duas partículas que viajam descontroladas mas que teimam em se encontrar uma e outra vez fazendo com o que mundo imploda.
Tenho vontade de ler este livro em italiano...será que conseguia!?
"Equação de um amor" é uma novidade
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