sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Daddy de Loup Durant, opinião

Daddy!?


Será este o título aconselhado ou sequer o correcto?
Seria melhor: "Mother"!? ou "Mummy"... ou quem sabe "She", pois a meu ver o drama central é muito mais baseado na perspectiva da relação de suposta independência da criança com a mãe do que com o pai... ou suposto pai!?

As personagens, as descrições, o enredo e a própria acção, pelos países, locais, pessoas, carros... toda a complexidade da escrita do autor é, a meu ver, o mais marcante de todo o livro. Há quem o intitule de enigmático ou hipnotizante, com uma trama tensa. Eu chamar-lhe-ia, denso, rebuscado, complexo e a certo ponto desmotivador, tais são os detalhes, as viragens e as personagens que vêm, literalmente, de todas as direcções.

A escrita rica em metáforas, troca o amor por geografia, desejos amorosos pelos deveres das personagens e os delírios do amor, pela perseguição aos milhões de marcos em jogo, num verdadeiro jogo de xadrez. Caso eu soubesse jogar xadrez, o livro teria partes mais interessantes, assim foram apenas partes, largamente, aborrecidas.

A luta intelectual entre presa e predador,  uma criança dos seus E.X.C.E.P.C.I.O.N.A.I.S. onze anos e uma alta patente do terceiro Reich, respectivamente são a delícia desta acção, essencialmente quando se percebe a relação fria, mas igualmente poderosa que Tomás mantêm com Ela, um lado emocional, desajeitado e conturbado.

O traço próprio de Loup Durand, que lhe é destacado, o da descrição profunda, detalhada, divagadora e desconcertante, assume aqui dois papeis, o bom, o do lado cinematográfico, e o da pura distracção. perdendo o leitor.
A história inicial que reporta aos milhões de marcos do terceiro Reich, a meu ver, perdem-se na história ao longo dos países que os acolhem e pelas mensagens nas entrelinhas, mais ainda se o leitor não dominar certos acontecimentos.

Em resumo, um livro controverso, com um olhar crítico mas com pontas soltas, com ideias e inúmeras sugestões que fazem o leitor reflectir. 

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