domingo, 6 de julho de 2014

Opinião :: "Espera por mim"

É difícil falar do livro sem spoilers, mas quem ainda não leu o primeiro, faça favor de se considerar avisado. A sinopse em si é um spoiler, portanto, leiam o primeiro (a opinião já está online) e depois voltem cá para ler o comentário sobre este livro.


“Não me faças escrever uma canção” lamentava-se Adam, de coração nas mãos, perante uma Mia em coma. Mas é a promessa que fez que mudou tudo e é assim que chegamos a “Espero por ti” 3 anos depois do acidente que vitimou a família de Mia e mudou para sempre a sua vida e a das pessoas à sua volta, especialmente a de Adam.

Se em “Se eu ficar” desenvolvemos um carinho especial por ele, pela sua paixão desmedida pela música e o seu amor por Mia, em “Espero por ti” temos vontade de o abraçar tal é a dor que nos é transmitida através dos seus pensamentos e acções. Sim, se no primeiro livro acompanhamos o deambular comatoso de Mia pelo hospital enquanto decide se fica no devastado mundo dos vivos ou parte de vez, em “Espero por ti” vemos tudo pelo olhar de Adam, um coração destroçado que tem tudo o que quer na vida, menos o que realmente importa, Mia.

Três anos depois, tempo que ficamos a conhecer através das memórias que atropelam o presente, Adam atingiu o pique. Todo o talento que lhe era inato, juntamente com a dor de não ter Mia na sua vida deram frutos. Hoje é um músico de sucesso, tem uma namorada famosa, dinheiro a rodos e é reconhecido por toda a gente mas a sua vida é vazia.
A prova de que o amor, o tal, nunca se esquece, nunca desvanece e nem com a distância a dor esmorece.

Histórias mal resolvidas e acasos dos destino, aqueles que nos fazem encontrar um par de olhos familiares e um sorriso caloroso a nós dirigidos no meio de um multidão desconhecida, são sempre razões para eu apreciar uma história. É uma questão de gostos. 
Em “Espero por ti”, que eu considero ter superado em larga escala o primeiro, a história de Mia e Adam preenche todos os requisitos que queria encontrar. A separação dolorosa, o desabrochar de um dos elementos, a origem irada da criatividade, o encontro fortuito, a estranheza do reencontro, o ponto chave surpresa e o final que nos faz sorrir.
É com um sorriso que terminamos a história, nem tinha de ser de outra maneira.

Daqui levo a vontade de ver o filme (estreia 28 de Agosto), o desejo de que o segundo filme, baseado neste livro, não demore uma eternidade e este momento:
“Olho-a ali nas sombras da cidade encerrada, o cabelo a cair-lhe sobre o rosto, e consigo vê-la a tentar perceber se flipei. E sinto necessidade de me contar para não a agarrar pelos ombros e empurrar de encontro às portadas de um edíficio até sentimos as vibrações repercutirem-se por ambos. Porque, naquele instante, tenho vontade de ouvir os ossos dela a serem sacudidos. Tenho vontade de sentir a macieza da carne dela a ceder, ouvi-la arfar quando o meu íliaco embate nela. Tenho vontade de lhe puxar a cabeça para trás com forçar até o pescoço dela ficar exposto. Tenho vontade de passar as mãos pelo cabeço dela até sentir que fica com a respiração acelerada. Tenho vontade de fazê-la chorar e lamber-lhe depois as lágrimas. E seguidamente, quero levar a minha boca à dela, devorá-la viva, transmitir-lhe todas as coisas que ela não consegue entender”
:)
São momentos assim que fazem valer a pena estar vivo.

Boas leituras :)

2 comentários :

Anónimo disse...

Gostei muito da sua análise, concordo plenamente. No entanto, por mais voltas que dê à cabeça, não consigo perceber qual é a nova jura de Adam e Mia. Ele canta-lhe o refrão de "Animate", uma musica que foi escrita para ela, e o refrão diz o seguinte " Odeia-me. Destrói-me. Aniquila-me. Recria-me. Recria-me. Não queres, não queres, não queres recriar-me". Adam afirma que a canção está a ser rescrita e que se torna em algo mais, e assim surge a nova jura deles. Não consigo chegar a uma conclusão concreta em relação ao que é essa nova jura. Pode ajudar-me?

Unknown disse...

Adorei a análise,mas por acaso sabe se o livro espera por mim vai sair no cinema?