“Ao contrário do que a tua mãe te disse - respondeu Ryan - a violência resolve, de facto, os problemas”
Começo a minha opinião com a esta frase, da autoria de Ryan Job, colega e amigo de Chris, porque acho que resume uma grande parte do que ficamos a conhecer sobre o(s) SEAL(s) neste livro.
E já que vamos falar sobre o livro, acho que acima de tudo temos de esquecer um pouco o filme. Se não o viram, olha melhor, leiam primeiro o livro e depois vejam o filme.
O relato de Clint Eastwood glorifa, e muito bem, Chris Kyle e os seus colegas. Mostra que na Guerra é matar ou ser morto e o quanto a vida militar afecta os soldados e as suas famílias. Já o livro, além de ser bem mais extenso e detalhado, mostra-nos que Kyle ou qualquer uma das pessoas retratadas no não são perfeitas, não conseguiram fazer sempre tudo bem mas que tinham crenças que seguiram e pelas quais lutaram, fazendo sempre os possíveis por serem muito bons no seu trabalho e no que se referia a proteger os seus colegas e camaradas.
Gosto especialmente de o livro não se poupar a críticas. Chris menciona logo nas primeiras páginas que o conteúdo do livro foi revisto pela entidade competente dentro dos SEAL para verificar a existência de detalhes confidenciais mas nem por isso deixa de atacar superiores preguiçosos, incompetentes e que “batalhavam” pela palmadinhas no ombro, as medalhas bonitinhas e por manter o seu cú fora do perigo enquanto os outros enfrentavam todos os perigos inimagináveis que Chris nos descreve em certos momentos do livro.
Para começar, Chris fala de ter crescido no Texas, ter começado a caçar jovem, ter trabalhado num rancho para mais tarde se alistar nos SEAL. Ao longo da leitura, dei comigo a balançar entre opiniões “este gajo é um herói que cumpriu o seu dever e salvou muitas vidas no terreno” e o outro oposto que me diz que “este gajo é um psicopata, que se sentia melhor na guerra a matar gajos do que ao pé da família”. Convenhamos, ele refere por diversas vezes o quanto é divertido disparar, apanhar primeiro quem desejava fazer mal aos seus colegas e compatriotas. Se tinham uma arma na mão e encaixavam no perfil estabelecido como ameaça, Chris deixava-os no chão, confesso que muitas vezes com um certo gozo, quer fosse por sentido de dever cumprido, por mecanismo de defesa do horror da guerra ou simplesmente porque uma parte dele era atrofiada o suficiente para gostar mesmo de matar pessoas.
Mas na realidade, não é para isso que ele treinou? Não é exactamente esse o seu papel? Eliminar ameaças e manter os colegas, quer seja SEAL ou outra força no terreno, a salvo?
Então, sejam 160 mortos ou 1600, quem o pode condenar? Ninguém, porque ninguém estava lá, só aqueles que lutaram lado a lado com ele podem saber o que é lá estar.
A certa altura Chris diz algo que faz com que todo o livro faça sentido. Os SEALs são treinados para matar, é-lhes incutida a crença de que são os melhores naquilo que fazem, o que é uma mistura explosiva e que os torna “invencíveis”, pelo menos aos seus olhos. Talvez por isso, e por outros detalhes que Chris menciona, este se tenha sentido impelido e obrigado pelo dever e honra de fazer quatro comissões, porque desistir nunca foi um conceito que encarasse com facilidade.
No fim, posso dizer que por mais que tenha gostado de ver o filme, tenho toda a convicção em afirmar que me deu mais gozo ler o livro, mesmo quando me deparava com informação detalhada sobre equipamento ou calibre de armas. Ler a sua história contada pelo próprio tem outro sabor, Chris Kyle tinha uma maneira muito própria de escrever e explicar as coisas e acho que levo boas “lições” deste livro. Lições sobre lealdade, sobre manternos fieis ao que somos por nós e pelo nossos. Gostei igualmente dos apontamentos da mulher em determinados momentos, especialmente sobre a sua ligação como casal e o quanto as comissões os afectaram.
Levo igualmente uma frase que fez muito sentido no dia em que a li, quer na minha vida pessoal quer na profissional.
“Se formos profissionais, não precisamos que nos digam o que temos de fazer. Lemo-lo na cara uns dos outros e reagimos”
Sniper Americano, o filme, tem sido um êxito de bilheteira e é um forte candidato aos Oscars. Relembro a nossa opinião, dos três elementos do Efeito dos Livros.
No entanto, por mais que vos possa dizer, vão ver o filme, digo igualmente, vejam este vídeo com o Chris Kyle, o próprio.
Se tiverem mais algum conteúdo interessante que queiram partilhar sobre o livro ou o filme, deixem nos comentários.
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