Disse-o uma vez ao meu filho, quando questionada sobre namorados. Ele olhou-me como se me tivesse crescido uma segunda cabeça.
Sejamos produto de uma família feliz ou infeliz, unida ou separada, temos sempre dificuldade em encaixar que os nossos pais, assim como nós, tiveram aventuras, amores, desamores e um sem número de segredos que são parte integrante da sua vida antes sequer de sermos uma ideia quanto mais uma realidade.
Teresa só conheceu uma sombra pouco delineada do que era realmente a sua mãe Alice. Contudo, por vezes, já tarde demais quando revelamos contornes que mudam para sempre a nossa maneira de ver os que nos rodeiam e que julgávamos conhecer.
Mas será alguma vez tarde demais para saber o que se esconde no passado?
Para saber a verdade? Para perdoar?
Gostei da sinopse de "As últimas linhas destas mãos", tão fã de amores condenados e perdidos no tempo que sou mas foram as cartas de Alice que me prenderam a história. Corri os capítulos só para não saltitar de carta em carta.
Tinha saudades de ler um livro que me recordasse uma paixão desmesurada.
"A Minha mãe dizia《está ainda nos vai dar problemas》E dei. Anos depois. Numa idade em que já não deveria dar. Numa idade em que as paixões deveriam ser sóbrias, discretas e não lacerantes.
... pensei que o meu tempo teria passado. Que as borboletas tinham emigrado, qual andorinhas, mas sem regresso. Que nunca sentiria o desconsolo da saudade ou a amargura da falta. Tanto que me enganei"
Devorei tudo num dia e no momento em que escrevo está opinião já passa bastante da minha hora de dormir mas precisava de escrever.
Precisa de vos dizer que dobrei cantos, marquei cartas, sublinhei frases...que gostei. Que acho que deviam ler este livro, pelos amores perdidos, pela compreensão dos romances alheios e pela possibilidade de se encontrarem lá dentro em um ou outro promenor. Eu sei que me perdi na leitura mas encontrei-me na história.
E sabem a triste conclusão a que cheguei?
Estamos a meio de Novembro e eu ainda não tinha lido nenhum livro de um autor nacional :( sou uma vergonha.
"As últimas linhas destas mãos" de Susana Amaro Velho é uma novidade
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