Para mudar completamente de tema, este é o livro para o fim de semana.
A maioria das mulheres ainda se põe no fim da fila — e parece confortável com isso. Poucas são as felizardas que se acham merecedoras dos aplausos que recebem. Sentimos que existe sempre um dedo a apontar a «farsa» que somos, acusando-nos de que poderíamos ter feito melhor.
Os pequenos prazeres do dia a dia também são afetados pela nossa neurose. Se, num dia, nos permitimos saborear um maravilhoso churrasco e degustar uma deliciosa sobremesa, programamos mentalmente uma ementa de prisão gastronómica para o período seguinte: duas semanas à base de alface e água! Também pagamos caro pela «futilidade»: pedir ao pai dos nossos filhos que tome conta deles enquanto
vamos ao cinema, ao teatro, passear no centro comercial ou, simplesmente, descansar um pouco da vida de mãe é praticamente uma heresia. A penitência? Usufruir de cada
um desses momentos sob a agonia da culpa.
Mulheres… tão amáveis, tão heroicas e tão contraditórias!
(...) A mesma intensidade que costuma tornar a mulher aberta às necessidades alheias
torna-a uma verdadeira carrasca de si mesma. Como começou tudo isto? Quando foi o mundo feminino invadido por tanta tirania e autocrítica? Porque trocou aquela menina sonhadora o seu olhar curioso por um semblante preocupado e um sorriso amarelo?
Está na hora de questionarmos a nossa necessidade de perfeição e aprovação. Conquistámos muitas coisas e ainda temos muitas outras para demandar. No entanto, devemos rever a maneira como vamos conduzir essa demanda daqui para a frente.
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