As temperaturas altas que se verificaram este fim de semana contribuíram para os corredores desertos da Feira do Livro mas o Efeito dos Livros ainda andou por lá à torreia do sol. Na sexta-feira com o Picnic Literário e no sábado, para a sessão de autógrafos à autora Dorothy Koomson.
Já no ano passado tivemos oportunidade de conhecer a autora num dos passeios familiares à Feira e desde então, a nossa mãe tornou-se mega fã e já devorou quase todos os livros. À data do lançamento do mais recente romance, “Os aromas do amor”, aqui a metade colorida decidiu iniciar a leitura pela última carruagem do comboio. Já com nove títulos editados em Portugal, Dorothy Koomson tem já uma legião de fãs que anseia sempre por um novo livro e pela sua vinda à Feira do Livro.
Como ainda sou uma novata no mundo Dorothy Koomson, perdoem-me se as perguntas não são as que estão habituadas a ler noutros locais mas eu também nunca gostei de me reger pelas regras, por esse mesmo motivo, por aqui não se segue a mais básica noção de entrevista, com Pergunta-Resposta.
Com a leitura de “Os aromas do amor” fiquei completamente assoberbada com o volume de situações complicadas com que Saffron, a nossa personagem principal, tem de lidar. Curiosamente, todas as pessoas com que comentei este facto, incluindo a minha mãe, dizem que é normal a autora colocar as suas personagens em cenários bem dramáticos. “Já alguma vez a chamaram de Drama Queen?” Foi com uma gargalhada que a autora que respondeu que sim, que pessoalmente é uma Drama Queen (qual a mulher que não o é?!) mas que acima de tudo a razão para colocar as suas personagens em apuros se deve ao facto de tentar perceber como elas reagem e ultrapassam certas situações difíceis. Por mais que possamos considerar que por vezes o emaranhado é tão incrível que não pode ser verdade, a autora acrescenta que quando aborda um tema tenta sempre saber mais a seu respeito, falar com pessoas que viveram e ultrapassaram tal contratempo.
Curiosamente , como portuguesa que sou, dei comigo a pensar na velha máxima “podia ser pior” quando li “Os Aromas do amor”.
“Acha que os problemas que as suas personagens vivem fazem com que o leitor se sinta um sortudo?”
“Mais que sortudo, abençoado“. A verdade é que estas situações existem e muitas pessoas têm de as suportar. No entanto, o feedback por parte do fãs, que a autora diz receber via email e facebook é inspirador. Os leitores agradecem à autora por contar determinada história, por abordar este ou aquele assunto que lhes é pessoal. Afirmam que a leitura os ajudou a perceber que não estão sozinhos nessa luta e que, em alguns casos, o livro até os ajudou a perceber como resolver alguma situação.
É este o efeito dos livros que encontramos nos romances da autora e que nos faz questionar sobre o que a inspira a escrever, especialmente sobre o que a levou a escrever "Os Aromas do Amor", a história de uma viúva que é atacada por diversas frentes enquanto tenta lidar com os seus próprios problemas íntimos.
“A sociedade tem expectativas sobre o papel de uma mulher viúva. Se fosse um homem a casar com outra mulher após um ano da morte da esposa ninguém ia criticar mas uma mulher, quase que se supõem que deveria ficar sozinha para sempre, que não tem direito a sentir desejo novamente, a querer ter sexo com outro homem”
E a história de Saffron e o livro em si acaba por quebrar esse estereotipo da viúva mas foca igualmente outro aspecto muito importante, relacionado com a filha a personagem principal. Numa era de informação é incompreensível que tantas jovens ainda estejam tão mal informadas quando decidem dar os primeiros passos da sua vida sexual. Faz-nos pensar que somos tão evoluídos para tanta coisa mas, por vezes, falhamos nos conhecimentos mais básicos e dos quais a nossa vida depende.
Mas de modo a aligeirar o ambiente, desviámos a conversa para a nossa linda cidade, Lisboa. “O que a inspirou a mencionar a nossa solarenga cidade no seu mais recente livro?”
Nota: Joel e Saffron conhecem-se a caminho de Lisboa (spoilers, sim!)
Na sua última visita teve oportunidade de passear pelo centro da cidade, não muito longe da zona da Feira do Livro e embora já tivesse visitado Portugal noutras ocasiões, considera a cidade um local encantador, digno de um romance, com a sua luz magnífica e as suas ruas tom de cobre. Pessoalmente, não poderia estar mais de acordo. Sempre considerei Lisboa uma cidade romântica, por isso, este é o cenário ideal para um romance, seja qual for a sua nacionalidade.
Não é para mais que a opinião da autora sobre a cidade se estende aos seus habitantes, que apelida de generosos, simpáticos e até, afortunados. A recepção de que é alvo em cada uma das suas visitas não podia ser mais calorosa (sem piada associada aos quase 40 graus que se faziam sentir durante a entrevista). E prova disso mesmo foram as vezes que durante a entrevista a autora foi abordada por fãs para mais um autógrafo.
Rita, uma fã da autora que não fazia ideia que esta se encontrava na Feira, veio a correr assim que ouvi falar da sessão de autógrafos. "Nem acreditava no que estava a ouvir" disse com um sorriso enquanto Dorothy autografava "O outro amor da vida dele".
Realmente é enternecedora a reacção dos diferentes fãs que foram chegando e a brindaram com um sorriso, um abraço e umas palavras carinhosas durante o tempo que estivemos à conversa no Pavilhão da Porto Editora. Houve até quem voltasse para um segundo autografo após comprar mais um título .
Estes momentos são a prova viva do quanto os livros estão presentes no dia a dia das pessoas e o quanto os leitores valorizam as historias contadas por Dorothy Koomson.
“Recebo imensos emails de leitores a dizer que o livro que leram os ajudou a explorar um tema ou a criar um ponto de vista próprio”. Mais que uma ajuda a lidar com um problema que nos consome, alguns livros acabam por nos ajudar a ver o outro lado, ao permitir que nos coloquemos no seu lugar e a ver as coisas do seu ponto de vista.
E ao fim de nove livros é difícil eleger um preferido. Enquanto a autora refere que para a grande maioria dos seus leitores a escolha do preferido recai sobre "A filha da minha melhor amiga", para ela será sempre o primeiro, “O amor está no ar”. Este é o seu bebe literário, o que mudou tudo, embora todos os seus livros a tenham feito evoluir muito pessoal e profissionalmente.
E para terminar, roubei ao Humans of New York, umas das minhas páginas de Facebook de eleição neste momento, a minha pergunta final.
“Se pudesse dar um conselho a um grande grupo de pessoas, qual seria?
"Que acreditem que são bons o suficiente, que são perfeitos como são e que não precisam de mudar“
Como referi anteriormente, eu comecei pelo fim, por isso, agora vou ao contrário das outras pessoas. O próximo será "A Praia das Pétalas de Rosa". Na colecção da família Rodrigues ainda nos falta "O amor está no ar" e "Amor e chocolate" mas com tempo fica completa.
Relembro a opinião ao mais recente romance, "Os Aromas do Amor" para o qual recriámos a capa. Fiquei muito contente de saber que as fotografias que acompanham a opinião foram enviadas à responsável pela criação da capa. É sempre bom ver o nosso trabalho reconhecido!
Obrigada Dorothy pela simpatia com que me recebeu e respondeu às minhas perguntas fora do vulgar. No próximo ano estaremos novamente na fila para dois dedos de conversa, dois beijinhos e um autografo.
Obrigada à Porto Editora pela oportunidade de ler o mais recente romance da autora e de a entrevistar nesta edição da Feira do Livro.
INTERVIEW
The high temperatures felt last weekend contributed to the deserts corridors of Lisbon's Book Fair but Efeito dos Livros still hang in there under the boiling sun. On Friday with our Literary Picnic and on Saturday at Dorothy Koomson's book signing.
Last year we had the opportunity to meet Dorothy in one of our family walks in the Fair and since then our mother became a fan and has already devoured most of the books. When "The scents of love" was released, this half of the blog decided to start reading the last wagon on the Dorothy Koomson's train. With already nine books published in Portugal, Dorothy Koomson has a legion of fans that are always waiting for a new book and the opportunity to meet with the author.
Since I'm new to the Dorothy Koomson's world, forgive me if my questions are not like the ones you are used to read in other places but I never really liked to follow the rules and for that reason, here you have a not so typical Question-Answer type of interview.
While reading "The flavours of love" I was completely overwhelmedwith the volume of complicated situations that Saffron, our main character, has to deal with. However, all the people with who I talked about this, including my mother, say it is normal for the author to put her characters in very dramatic situations. "Has anyone ever called you a Drama Queen?" It was with a laugh that the author confirmed me that personally she's a Drama Queen (what woman isn't?) But the main reason to put her characters in trouble is to discover how they react and overcome certain difficult situations. As we may consider the web of problems too extreme, the author says that whenever she talks about a subject she tries to discover more about it, talk to people who lived and exceeded such mishaps.
Curiously, since I'm Portuguese, I found myself thinking about one of our most common sentences, "it could be worse", while i was reading "The Flavours of Love".
"Do you think that the problems that your characters live make the reader feel lucky?"
"More than lucky, blessed." The truth is that these situations exist and many people have to endure them. However, according to Dorothy, the feedback received by email and facebook is inspiring. Readers like to thank her for telling a particular story, by addressing this or that subject that is personal to them. They claim that reading helped them realize they are not alone in their struggle and that, in some cases, the book even helped them find a way to deal with a situation.
Is this the effect that Dorothy's novels have on readers and that makes us question what inspires her to write, especially what led her to the theme of "The Flavours of Love", the story of a widow who is attacked by several fronts while trying to deal with their her intimate problems.
"Society has expectations about the role of a widow. If it was a man marrying another woman one year after the death of his wife no one would criticize but when it comes to a woman, everyone assumes that should you should be alone forever, that you have no right to feel desire again or wish have sex with another man"
Saffron's story and the book itself ends up breaking that stereotype of the widow but also focuses on another very important aspect related to the main character's daughter. In an age of information is mind boggling how many young people are still so misinformed when they decide to take the first steps in their sex life. It makes us think that we are so evolved for so much stuff but sometimes fail in the most basic knowledge and of which our life depends.
But in order to lighten up the atmosphere, the conversation strayed to our beautiful city, Lisbon. "What inspired you to mention our sunny city in your latest book?"
Note: Joel and Saffron met on their way to Lisbon (spoilers, yes!)
On her last visit, Dorothy had the opportunity to walk around town, specially in the city center, not far from the Book Fair area and although she had already visited Portugal on other occasions, she considers our city to be a lovely place, worthy of a romance, with it magnificent light and copper streets. Personally, I could not agree more. I always considered Lisbon a romantic city, worthy of a setting for a novel, whether a national or international one.
Dorothy's opinion about the city extends to its inhabitants, who she considerous to be generous, friendly and even fortunate. The reception she's given in each of her visits couldn't be warmer (no pun intended with 40 degrees we felt during the interview). Proof of this good receptions were the times, during the interview, that the author was approached by fans for another autograph.
One of them was Rita. She was just taking a walk in the Fair and had no idea about the book signing. "I could not believe what I was hearing. I came running!" she said with a smile as Dorothy autographed "The other love of his life."
The reaction of the people coming to greet Dorothy with a smile, a hug and some kind words during the time we were chatting in Porto Editora were simply heartwarming. Some even came back a second time with another book they just bought to be autographed.
These moments are the living proof of how books are important in our daily lives and how much readers value the stories told by Dorothy Koomson.
"I get lot of emails from readers saying that reading the book helped them to explore a theme or create personnal point of view." More than helping us deal with a problem that consumes us, some books end up helping us see the other side. They allow us to place ourselves in someonelse's shoes and see things from their point of view.
And after nine books its difficult to choose a favorite. While the author states that for the vast majority of her readers, the choice lies on "The daughter of my best friend," for her, will always be the first she published, "The cupid effect", although all of them made her evolve personally and professionally.
And finally, in the spirit of one of my favorite facebooks pages nowadays, Humans of New York, I asked my last question.
"If I could give advice to a large group of people, what would it be?
"Believe you are good enough, perfect just as you are and you do not need to change"
As I mentioned earlier, I started at the end, so now, unlike other people my next book will be "The Beach of Rose Petals". In the Rodrigues Familly Library we are still missing two books, "The Cupid Effect" and "The Chocolate Run" but in time we will complete it.
I recall the review of "The Scents of Love" for which we recreated the cover. I was very glad to know that the photographs we made were forwarded to person who createad of the cover. It's always nice to see our work recognized!
Thank you Dorothy, forthe sympathy with which you received me and answered my out of the ordinary questions. Next year we'll be back in line for a small chat, two kisses and an autograph.
Thanks to Porto Editora for the opportunity to read Dorothy's latest novel and for the chance to interview her in this edition of the Lisbon's Book Fair.
3 comentários :
Adorei o livro, é sem dúvida muito bom!!
Vi que têm várias entrevistas com autores portugueses e costumam comentar alguns livros. Por acaso têm alguma referência a um livro de um autora portuguesa que saiu à pouco tempo - o livro chama-se Clandestinos e a autora é Adriana Bugalho. Vi o livro à venda, li a contracapa, folheei um pouco e cativou-me. Mas queria saber opiniões antes de o procurar de novo.
Obrigada,
Ana Maria Mendes
Olá Boa noite,
Por acaso não tínhamos conhecimentos desse título, iremos ver do mesmo.
Grata pela indicação e lamentamos não ter nenhum feedback para lhe dar nesse sentido.
Boas leituras
Obrigada! Vou ficar atenta à espera que tenham alguma coisa sobre esse livro!
Ana Maria Mendes
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