sexta-feira, 27 de junho de 2014

História de um caracol que descobriu a importância da lentidão, de Luís Sepúlveda - Opinião


Há muito que não pegava num livro do Sepúlveda e francamente já estava meio esquecida da capacidade enorme que o autor tem em fazer-nos sonhar, divagar e até infantilizar.
Se estas fábulas têm o dom de poderem ser prescritas dos 8 aos 80, verdade seja dita, que a ilustração de Paulo Galindro (ilustrador) compõe a obra como um verdadeiro teatro. Daqueles que se fazem com figuras de papel, com os "actores" escondidos por trás, por vezes com os pés de fora... quebrando metade da magia, mas dando outra aura aos professores, pais ou contadores de histórias que estão atrás da "caixa mágica".

Relembrar este tipo de história, quase com uma linha de resumo, intitulada «moral da história» fez-me retornar aos tempos de escola, não meus como aluna, mas como professora estagiária. São tempos mágicos. Trabalhar literatura infantil com a criançada é mágico!

Na voz deste caracol Rebelde e da tartaruga Memória encontra-se uma amizade peculiar, com um ensinamento que durará para a vida destes personagens que personificam muito bem qualquer um de nós.
Todos temos dúvidas, todos buscamos soluções, respostas para as nossas inquietações. É essa parte tão humana, tão nossa que nos faz aproximar destes personagens do prado do País do Dente de Leão ;)

Este livro de Luis Sepúlveda, brilhantemente ilustrado por Paulo Galindro transporta-nos para a luta pela liberdade e o ultrapassar de barreiras que nos são impostas pela nossa suposta condição, cultura, género, religião... seja lá o que for que seria suposto dar-nos qualidade e ferramentas, mas que só parece limitar-nos. É assim que se sente o Caracol que queria um nome e que é baptizado de Rebelde... pensem lá porquê!?

Este texto é transversal e para todas as idades já que também trava uma luta contra preconceitos e dá um alerta para o avanço da sociedade e a usurpação do espaço que a Natureza ocupa... e deve ocupar! Há também uma luta intrínseca e eterna, que é deve ser comum a todos: Quantas vezes ao dizermos "Sim" aos outros, estamos a dizer "Não" a nós mesmos!? É essa barreira que este livro também quer levantar.

Dito desta forma, quase parece uma fábula de auto-ajuda, de desenvolvimento e crescimento pessoal... mas efectivamente todo o bom livro dá-nos sempre ferramentas para crescermos e aprendermos. Todo o bom livro, faz-nos sorrir, mas também nos deixa a pensar.


Divulgar mais ilustrações seria cortar mais de 50% da piada deste livro. Aliás é quase um desafio, um chamamento, olhar a estas ilustrações e criar uma história, uma viagem só nossa.
Boas leituras e divirtam-se com este Rebelde!

Uma leitura com o apoio PORTO EDITORA.

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