quarta-feira, 17 de setembro de 2014

A vida segundo María Jesús Álava Reyes, leituras e opinião - As três chaves para a felicidade

Aos longo dos anos os livros da María Jesús Álava Reyes (MJAR) foram sendo lidos e acumulados com outros do género, mas nem todos têm uma particularidade que estes têm, a honestidade. A meu ver, os casos práticos são bem reais, geram proximidade e são ferramentas que nos levam a olhar aos nossos próprios dramas. Digo dramas, pois por vezes não passam disso, mas do acumular ganham proporções que se espalham a todas as frentes. Digamos que como um polvo. Esse é talvez a melhor imagem que escolheria e é uma interpretação minha.

O meu primeiro contacto com algo escrito pela autora foi com A Inutilidade do Sofrimento, ainda na faculdade, com uma docente de Psicologia que, felizmente, considerou que os futuros professores, ali em formação, precisavam de alargar horizontes. E que bem que me fez. Li-o por partes, entre outros materiais pedagógicos. E achei-o muito útil, na época estudava, trabalhava em dois sítios diferentes e ainda tinha o estágio e existem sempre algumas contrariedades que por momentos nos bloqueiam.

Gosto de ler alguns destes livros, mas gosto deles sinceros, práticos, mas sem que pareçam fazer do leitor um "coitadinho" que precisa de ser animado a cada linha. Ou então que seja tratado como um básico que precise até que lhe ensinem a fazer até uma lista... Mas há para todos os gostos e é preciso é saber escolhê-los. 
Não pego num livro de auto-ajuda e de desenvolvimento pessoal e inteligência emocional como se fosse um compêndio de receitas mágicas, que depois de cozinhado à pressão, dê um prato requintado e saboroso. Mas a leitura de alguns e o expandir do conhecimento pessoal fazem-me reconhecer que existem princípios básicos que nos podem ajudar na complexa, mas maravilhosa tarefa decrescer, especialmente na parte emocional. Há todo um potencial escondido, psicologicamente falando que me cativa e que busco.

O seu mais recente livro, "As três chaves para a felicidade" lança um desafio muito grande, aprender a perdoar. A nós e aos outros. É fundamental assumirmos o nosso papel de decisores das nossas vidas, mas isso acarta responsabilidade pelas consequências e gera insatisfação, peso, culpa e mágoa. Com as três chaves: "perdoar-se"; "agarrar as rédeas da vida" e "gostar de si", MJAR, acredita e mostrar-nos como podemos acreditar também. Claro que, do ler ao aceitar e do aceitar ao praticar, vai uma longo caminho, mas cabe a cada um de nós determinar objectivos e metas, sempre sinceras, de preferência.
Já em "A Arte de Arruinar a Sua Própria Vida" a autora pedia que olhássemos aos casos práticos ali expostos e percebêssemos que o maior inimigo da superação são as falhas de comunicação. A comunicação eficaz, aquela que permite, assertivamente e construtivamente, falar das nossas emoções, expectativas e ilusões. Aprendendo assim que comunicando com propósito é uma das soluções para diminuir e limitar situações potencialmente nefastas.

Os já inúmeros livros da autora tendem a espalhar-se a todos os assuntos que vão adensando a vida quotidiana, a família, o casamento, os filhos e a educação, as relações interpessoais e o trabalho e claro, o Eu, o indivíduo como ser complexo que se cruza com todos os outros seres complexos que compõem a sua vida. 
Os casos práticos mais temáticos, como a educação, o casamento ou o trabalho estão espelhados em livros como Trabalhar sem SofrerO Não Também Ajuda a Crescer ou talvez naquele que tem o título mais cativante: "Nem as mulheres são tão complicadas, nem os homens tão simples", que numa leitura conjunta, deve dar um bom exercício de terapia de casal ;)

Fazer uma crítica a um livro de auto-ajuda e de desenvolvimento pessoal é uma tarefa inglória, já que cada um buscará questões muito pessoais e não é por acaso que na sua maioria estes livros estão constantemente a colocar-nos em questão e a pedir que nos avaliemos. São livros que se tornam muito pessoais, se bem que se espera que o seu resultado se veja no dia a dia e na nossa relação com os demais.

Apesar de actualmente vivermos numa sociedade cheia de adversidades, há uma busca desenfreada por uma felicidade avassaladora. Nem sempre fácil de atingir ou até sinceramente sentida. Talvez desse tanto desejar ser "estupidamente feliz" ou sentir-se sempre nos píncaros seja a causa para existirem tantos livros do género. A meu ver alguns ensinarão antes a lidar com o sermos imperfeitos e a aceitarmos que a felicidade é também saber perder.



María Jesús Álava Reyes é editada pela ESFERA DOS LIVROS
Grata pela oportunidade de leitura.

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