"A dor exige ser sentida"
Desde que li um outro livro que figura na minha estante com elevada estima que recordo esta frase muitas vezes. A dor é real e exige ser sentida.
Para Sophie a dor destruiu a sua família e está a atormentar todos os minutos do seu dia. Por isso, o seu único objectivo é esquecer, essa é a única coisa que importa, o único modo que tem de fugir do passado recente que a atormenta, que a sufoca. Segundo a sua perspectiva, se evitar falar, pensar ou referir-se aos acontecimentos que marcaram para sempre a sua vida e a de muitas outras pessoas, tudo se vai embora, tudo será esquecido.
Conhecemos Sophie no gabinete da psicóloga com quem teima em não falar. Seguimo-la enquanto leva a sua vida como um autómato entre casa e escola, ao longo de 6 duros meses de dor.
O que não sabemos ao iniciar o diário de Sophie, uma peça importante da sua recuperação sugerida pela sua psicóloga, é o motivo que a faz desejar tão arduamente esquecer.
Enquanto isso, vemo-la voltar à possível normalidade do dia a dia para perceber o quanto se sente alienada da melhor amiga, das pessoas que julgava conhecer melhor que ninguém e até da própria mãe, que como ela, se fechou no seu próprio casulo de dor.
Já na escola, a crueldade e indiferença de certos colegas é algo comum na adolescência mas para Sophie há sempre momentos que lhe salvam o dia, pessoas que lhe salvam as semanas e outras que lhe salvam a vida.
Acima de tudo, Sophie precisa de se salvar a si própria antes que a culpa e o ódio consumam a sua sanidade e a periclitante relação que ainda tem com o mundo.
Decidida em olhar para a frente, sem analisar o passado, Sophie concentra-se nas pequenas coisas como a poesia, o desejo de namorar um rapaz que se lhe escapa entre os dedos e os amigos, os antigos que já não reconhece e os novos, que nunca julgou conhecer.
Mas além dos dramas comuns da adolescência (visto que este é um livro para faixa young-adult) Sophie é ainda assaltada por imagens da sua irmã, pensamentos sobre o que diria ou faria, assaltam Sophie a toda a hora e são esses momentos que levam a dor ao expoente da loucura.
Mas além dos dramas comuns da adolescência (visto que este é um livro para faixa young-adult) Sophie é ainda assaltada por imagens da sua irmã, pensamentos sobre o que diria ou faria, assaltam Sophie a toda a hora e são esses momentos que levam a dor ao expoente da loucura.
Ao ler este livro dei comigo a pensar...e se fosse comigo? E se fosse eu no lugar de Sophie? Não quero nem pensar!
A capacidade de demonstrar emoções, de analisar os acontecimentos que nos trouxeram até ao dia de hoje ou ser capaz de seguir em frente é algo difícil de fazer em adulto, quanto mais numa fase tão complicada como a adolescência.
Mas o tempo, o único remédio que não se vende na farmácia, é talvez o mais eficaz em muitos dos casos.
E não podemos deixar que um dia, por mais traumático e doloroso que seja, nos molde para sempre. Devemos chorar, sofrer, aprender e seguir em frente com uma magoa no coração que nos lembre do quanto é bom estar vivo e se que se não fizermos certas coisas por nós, então que as façamos porque quem já não está cá para as viver.
4 comentários :
Pela frase do início fará sentido esta música, já mítica, deste dinossauro da música!?
https://www.youtube.com/watch?v=4ahHWROn8M0
Ai o meu Johnny Cash :)
https://www.youtube.com/watch?v=66GHz-H4k6M
ou a versao de NINE INCH NAILS :)
tb gosto dessa versão Philipa, instrumentalmente é mais poderosa, mas não há quem substitua a voz do Jonnhy Cash... pelo menos nesta música.
É quase como se fosse uma decrepitude boa.
Enviar um comentário