Em 1948, na praia de Somerton, na Austrália, foi encontrado o corpo de um homem não identificado. De boa constituição e aparência cuidada, o homem vestia fato e gravata e estava bem calçado. Nenhuma etiqueta foi encontrada nas peças de roupa ou sapatos. Tinha um cigarro preso atrás da orelha e, num dos bolsos, um pedaço de papel rasgado de uma edição de Rubaiyat, do poeta persa Omar Khayyam, com as palavras «Tamam Shud», «este é o fim». O mistério do homem de Somerton permanece sem solução até hoje.
Partindo de uma história manifestamente inspirada no caso Tamam Shud, Rodrigo Magalhães desdobra-a, multiplicando-a por tantas quantas as perspetivas dos protagonistas, das testemunhas, das figuras secundárias, dos figurantes. Cada um transporta consigo uma história, a sua própria história, e esta intromete-se na história dos outros, interrompendo-a - a vida afasta as histórias da sua completude. A literatura também. Um objeto literário misterioso, inquietante, de uma imensa originalidade, e em que ressoam ecos de Buzatti, Bolaño ou Knausgaard.
Uma novidade
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