Tirando talvez a martelada inicial este thriller de Arlidge é menos macabro e menos pessoal que o anterior. Helen Grace continua a ser perseguida pelos fantasmas do passado e para apimentar bem o cenário não é a única e há quem tenha fantasmas tão maus ou piores que os seus. Dizer mais é poder acelerar o que não se quer nem se deve revelar.
Jack continua a estar no horizonte que Helen persegue.
Charlie continua divida, mas ainda não será desta que perceberemos em que lado terminada.
Tony sucumbe e é talvez o único episódio previsível e com isto não digo nada que logo não se adivinhe desde que ele coloca o pé no terreno.
Todos os outros personagens que irão descobrir são os que alimentam e completam este viciante "À morte ninguém escapa". Se Arlidge será tão grande como Jo Nesbo eu não sei, mas para mim já é maior. Arlidge é acutilante e cáustico, enérgico e preciso. Não existem detalhes a mais, descrições longas, demoradas e que atrasem a acção, nada disso. O ritmo é mantido e só é quebrado por algum arrepio de alguma cena que nos afasta o olhar ou então, e neste caso específico, quando permite a redenção.
Sim, este thriller tem direito a redenção, tem toque de esperança. Aliás até quase dá um tom menos negro quando, em mais do que uma ocasião, permite que os seus personagens sejam, para além de humanos, amorosos. Algo muito menos visto em «Um dó li tá».
Arlidge permite ao leitor criar também um cenário e características para os personagens e outros detalhes da acção, dando, a meu ver, espaço a uma adaptação cinematográfica.
Arlidge é mais uma vez meticuloso e sem pudores, aponta o dedo, faz critica social, tem toques de sórdido, tem tons de sadomasoquismo e sem dúvida é imparável para com a leitor.
E tem o lado redentor e eu até lhe "dei" música. Não resisti aos The Civil Wars:
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