Nô e Lou, uma amizade improvável, uma tábua de salvação para quem mais precisava da ajuda dada por alguém que enriqueu com a experiência, do mesmo modo que acontece connosco durante a leitura do romance de Delphine de Vigan.
Cava vez mais necessito de terminar a leitura de um livro e sentar-me de seguida a escrever sobre a história e o que ela me transmitiu.
Devorei “Nô e eu”, dobrei-lhe cantos com vontade, sublinhei frases e guardei trechos inteiros para mim e para dar. Sim, dou frases, leio parágrafos a amigos e quando o momento é oportuno, viajam em post-its citações que se guardar por essa cidade fora, até por vezes além fronteiras.
É-me familiar o momento em que Lou inveja o à-vontade dos despreocupadamente felizes, dos indiferentes, dos ignorantemente satisfeitos com o que há e nada ralados com o que deveria haver.
Lou é uma miúda de 13 anos, que salvo pontuais excepções, não conseguimos ver como uma miúda. Inteligente, perspicaz, inquisidora e precose, Nô está muito à frente daquilo que temos encaixado na cabeça como o modelo de uma miúda de 13 anos, cujo último pensamento ou interesse, com certeza, não recaí sobre mais ninguém que não seja a pessoa à volta do seu umbigo.
No momento em que conhece Nô, numa das suas jornadas de “people spotting” na estação dos comboios, Lou sente que não pode ignorá-la, nem aos outros que sobrevivem nas mesmas condições, que encolher os ombros e dizer “c’est la vie” não é a atitude correcto.
E contra tudo o que provavelmente os nosos pais nos ensinaram, Lou trava conversa, conhecimento e amizade com Nô, uma rapariga sem-abrigo que se torna a sua fonte de informação para um trabalho da escolha mas que rapidamente se torna em algo mais, uma amiga, uma luz que brilha no meio da escuridão que a vida familiar de Lou se tornou faz muitos anos.
Há pessoas que passam na nossa vida porque necessitam da nossa ajuda, da nossa amizade mas algumas vezes, somos nós quem mais beneficia da sua presença, somos nós que acabamos por ser ajudados.
“Nô e Eu” é uma história tocante, que nos vai fazer pensar e que nos faz meter a mão na consciência. Nô vive em Paris mas há problemas mesmo à nossa porta.
Será que fazemos alguma coisa para mudar o mundo que nos rodeia? Qual foi a última vez que ajudámos alguém só porque sim, só porque era o mais correcto?
No entanto, quantas vezes não tentámos ajudar para vermos recusada a nossa ajuda, para nos cuspirem de volta com desdém o que tentámos fazer por outra pessoa?
“Nô e eu” faz-nos pensar em Nós e o Mundo, uma história com muitas páginas para preencher, não vos parece?
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Infelizmente ainda não tive oportunidade de ver o filme. A internet não tem sido muito simpática quando se trata de filmes franceses com legendas :(
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Infelizmente ainda não tive oportunidade de ver o filme. A internet não tem sido muito simpática quando se trata de filmes franceses com legendas :(
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