História íntima do rio do autor, o Douro destas páginas, muito longe do cartão de visita dos dias de hoje, surge como um enigma de dimensão mágica que invade a própria linguagem de que se faz este livro. Fantasmagoria que encerra em si algo de sagrado, puro, pode ser lido como num sonho, as personagens pairando sobre as palavras sem um traçado completamente definido. Há, no entanto, um triângulo que podemos identificar: Aníbal, Catarina - o vestido branco, claro, comprido, as rendas, os braços nus - e Henrique, cujo destino, entregue à vontade da poeira e dos ventos, não resistirá ao chamamento do rio.
Publicado originalmente há trinta anos, neste que foi o seu primeiro romance, Francisco José Viegas regressa, com o rio para lá da janela do comboio, às memórias da sua infância, aos seus cheiros e sons, à terra e às suas vozes. Uma homenagem aos segredos e à vida do Douro, que indicia pistas de uma carreira literária que o futuro veio a confirmar e de um género que viria a reinventar à sua medida, o policial.
«Podes vasculhar por toda a eternidade em baús cheios de fotografias antigas, pequenas e grandes maravilhas, arquivos e papéis velhos, o rosto dela está aí: um anjo bate as asas levemente, o seu rosto é o de uma mulher cuja melancolia arrasta consigo a poeira da tarde. Quando o viste pela primeira vez?»
CRÍTICAS DE IMPRENSA
«Com os seus livros, Francisco José Viegas dá uma reviravolta no modelo do romance policial.
Um estilo de alto voo.»
Le Point
«Viegas reinventa um género (o policial), e, acima de tudo, faz uma notável biografia de Portugal.»
Expresso
«A prosa escarolada de Viegas é o exato oposto das “narrativas” que dominam o mercado. Dito de outro modo, estamos mesmo a falar de literatura.»
Sábado
«Contam-se pelos dedos (de uma mão?) os anti-heróis da ficção portuguesa que perduram, ganhando substância na memória dos leitores. Um desses heróis é Jaime Ramos.»
Visão
«O que menos interessa é o enigma policial. Viegas constrói seus personagens como seres abandonados no mundo, e desenha paisagens únicas, de cinema.»
Folha de São Paulo
«A sua meteorologia atormentada transforma-se numa metáfora do destino humano.»
Le Monde
Uma novidade