quarta-feira, 11 de março de 2015

Opinião :: "A Cada Dia" de David Levithan

“Não penses em tendências sexuais - especificou um dia. - As tendências sexuais refletem apenas medo da diferença e do que não compreendemos. Deves apenas aceitar que estão a projectar em ti um sentimento”


É quase como por magia quando encontro uma frase na minha actual leitura que fecha um circulo de pensamento sobre um livro que li anteriormente.
Enquanto folheava sequiosamente “Tudo o que poderiámos ter sido eu e tu se não fôssemos tu e eu” encontrei esta frase e foi como que uma luz incidisse sobre a leitura de “A cada dia” de David Levithan, uma história que me prendeu, fez sorrir, entristecer mas acima de tudo, me fez pensar.
Quem nunca olhou para outra pessoa e desejou ter a sua vida? Nem que fosse por um dia, nem que fosse porque a nossa naquele preciso momento não nos parecia muito atractiva. Quem nunca desejou fugir da sua vida por um momento?
Mas o que será pior, desejar ter outra vida ou passar uma existência inteira sem ter lugar fixo, sem família ou casa para onde voltar?

Para A a vida é assim. Todos os dias acorda num corpo diferente. É um hospedeiro num corpo de um rapaz ou rapariga de dezasseis anos por um dia e nesse período de 24 horas tem de se adaptar a uma nova existência sem provocar danos, sem alterar significativamente a vida da pessoa cujo corpo ocupa.
Desde sempre os seus dias começaram assim, a acordar para uma nova vida, todos os dias até ao momento em que o conhecemos, ao dia em que conhece Rhiannon. Digo “o” porque sempre pensei em A como sendo um rapaz mas será que depois de ler o livro a opinião é a mesma? Será que só porque o conhecemos inicialmente no corpo de um rapaz e a apaixonar-se por uma rapariga assumimos imediatamente que se trata de um rapaz, só porque nos é mais comum e mais fácil de aceitar? O que gostei particularmente neste livro é a facilidade com que derruba barreiras que os géneros delimitam. Mais que amar um rapaz ou uma rapariga, trata-se de amar pessoas e eu sempre achei que a aceitação do que os outros gostam parte daí, de os deixar amar quem os faz felizes, seja homem ou mulher.
Mas não enveredando por um caminho que gera sempre alguma discórdia, concentremo-nos no livro.

“Na minha experiência, desejo é desejo, amor é amor. Nunca me apaixonei por um género, apaixonei-me por pessoas”

Demorei o livro todo a perceber onde esta história nos podia levar. Estas duas almas não podem estar juntas. Rhiannon tem uma vida, a mesma todos os dias, enquanto A anda a saltitar de corpo em corpo, ao longo de todo o livro. Uns dias consegue suspender a vida do corpo que ocupa e estar com a rapariga que ama mas noutros é confrontado com a faceta privada que cada pessoa tem e que nem sempre temos noção que existe quando desejamos trocar de vida com outro.
E entre esta troca, como consegue nascer uma amizade? Como nasce um amor?

E dizer-vos mais que isto é retirar todo o prazer obtemos ao apreciar esta história no seu todo. Confiem em mim, vou ficar presos e suspensos no fim, naquela última página, aqueles últimos momentos. E depois, ou adoram ou odeiam!

E termino com uma música que figura no livro e que faz parte da minha playlist faz imenso tempo :)
“If i only could, i would make a deal with God”


Se tiver oportunidade de voltar alguma coisa escrita por David Levithan, não vou deixar escapar.

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"A Cada Dia" é uma aposta brutal da

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