quinta-feira, 19 de março de 2015

Opinião "Romance em Amesterdão"

Mais que nos falar de um romance que começou além portas, numa cidade que me agrada bastante, este livro mostra-nos o quanto um velho amor pode perturbar o nosso presente e alterar o rumo do nosso futuro. 
Os amores antigos, os mal terminados e os inalterados com o tempo são os que maior mossa fazem, especialmente aqueles que os anos não souberam apagar.
Como é possível esquecer alguém que nos fez ver uma parte de nós que julgávamos perdida ou irremediavelmente danificada?


Para ela, Amesterdão foi um escape, uma recordação guardada no cantinho da mente a que se podia recorrer em momentos mais introspectivos.
Para ele, Amesterdão foi o ponto de viragem, o ressuscitar do seu desejo pela escrita, foi conhecer o grande amor da sua vida e perde-lo ao fim de algum tempo.
15 anos volvidos, Mariana casou, é mãe, tem uma carreira profissional de sucesso e é dona de uma vida confortavelmente abastado. Por outro lado, Zé Pedro vive uma vida despretensiosa, escrever livros enquanto mantém a sua privacidade resguardada e gere uma pequena livraria lisboeta.
Uma decisão levou-os a dois caminhos diferentes que um dia se cruzam.
E como é não ver um grande amor durante décadas para depois nos cruzarmos com ele num local de passagem, tão banal ao dia a dia como uma estação de metro.
Para Mariana reencontrar Zé Pedro foi abrir a caixa de pandora que fechou no momento em que voltou de Amesterdão e uma vez aberta, não haverá volta a dar.

Um romance de Tiago Rebelo que aborda um temática que é comum na vidas que nos rodeiam ou até mesmo na nossa. Em que estado de sítio fica a vida da nossa família no momento em que se anuncia que se quer o divórcio, que se foi infiel ou que não se aguenta mais?
Cada um de nós tem uma história para contar, seja próxima ou que conhece, de uma situação semelhante, a de um velho amor que arrasa o presente como um tsunami.
Para Mariana e Zé Pedro, será Amesterdão forte o suficiente para se impor no presente e permanecer num tempo futuro? Ou será que a ilusão que se criou de um momento com 15 anos não nos deixa ver até que ponto duas pessoas que se amam e desejam, podem ser completos desconhecidos.
Haverá espaço para a Amesterdão de Mariana e Zé Pedro em Lisboa?

Para mim, há Amesterdão no meu coração. Essa cidade é o local ideal para deambular em busca de algo, é um sítio onde nos perdemos e encontramos, por entre canais, bicicletas, luzes, idiomas e álcool. 
Já fui feliz em Amesterdão, sem romance mas com vida, muita vida.


Boas leituras, bons amores e boas viagens :)

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