terça-feira, 19 de março de 2013

A Geração BEAT e os Hipopótamos de W. Burroughs e J. Kerouac

Ler a obra dos primórdios da Geração Beat talvez seja como plantar a semente da discórdia!
Se pensarmos no que uma prosa alucinante, desprovida, fantasiada pela simplicidade do ócio e, afogada nos desejos delirantes de uma geração atolada no clima do pós guerra, fez pela massa crítica da época e não só, encontramos o impacto da Geração Beat.
Por outro lado, um livro como «E Os Hipopótamos Cozeram nos Seus Tanques» pode parecer simplório, descoordenado e até desregrado, de tão inquietante e infantil que chega a parecer a história.

Imagine que entra no café ou na casa de um amigo, fala-se, discute-se - nada se revela de muito importante, mas tudo é motivo para grandes decisões. Num discurso desafortunadamente aventurado dois amigos pretendem embarcar num infausto percurso.

"A chave de tudo foi o tédio" já diria Hal Chase. Tédio, álcool, droga, homossexualidade, mas também uma enorme libido pelo desconhecido desafiante e a sofreguidão por enlaçar a diferença.
É a sede pela boémia e o puro prazer, as virtudes das Geração Beat
primam pela exaltação do hedonismo.

Seres sedentos de hedonismo, é isso que assistimos nesta obra.
O desejo por acções que elevem o espírito, cansem as preocupações já gastas e salientem o espírito livre, a liberdade e o infinito de possibilidades.


"Aparentemente sou algum especie de agente de outro planeta.
Mas ainda não tive as minhas ordens descodificadas" - William Burroughs

O infinito de possibilidades é o mais provável para quando se pesquisa sobre os beat.
É um misto de surrealismo, com desconforto pelo incansável desejo de contrariar e surpreender.
É a capacidade de conseguir fazer de tudo, mas ver o esforço e a dedicação como um tédio a evitar.
É o prazer de não fazer nada e mesmo assim criar uma revolução. É a ode à preguiça de consumo!
É o recusar a evolução, quando o que se quer é quebrar a ponte com o passado, mas o recente.
É o voltar às raízes, à terra e às experiências alucinogénicas.

«E Os Hipopótamos Cozeram nos Seus Tanques»  é uma ode a quem cozeu muitos dos seus neurónios em experiências em prol desse tanque que é a liberdade.


"Eu vi as melhores mentes da minha geração destruídas pela loucura,
esfomeados nus e histéricos,
arrastando-se pelas ruas negras no poente
à procura de um rancor injetável". Allen Ginsberg

A herança dos beat é inegável!


"Quão tintilante é aquela primeira picada.
Uma vez sentido, jamais esquecido." - Herbert Hunke

*

A maioria das páginas com cantos dobrados referem aventuras dos 4 amigos beat, bem como referências a autores, músicas ou tendências... é um retorno a Nova Iorque, um novo olhar ao Hudson e a certeza de que todas as escritas são permitidas desde que cheguem no tempo certo, naquele em que fazem a diferença e trazem algo de novo.


Para entender melhor os beat e o conceito por detrás fiz diversas pesquisas e quero destacar três delas, a sumarenta pesquisa presente em whisplash.net com o artigo «O que é ser Beat?», os artigos de opinião de Adolfo Luxuria Canibal e Maria Ramos Silva (ionline).

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O Hipo voador é obra retirada de uma magazine muito sui generis, vejam aqui - http://hipopotamozine.blogspot.pt/

E com este Hipo me despeço




Uma viagem ao ritmo beat patrocinada pela QUETZAL
Boas Leituras.

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