Quantos de nós, impávidos e serenos, não passamos todos os dias ao lado de coisas que requerem a nossa máxima atenção e compreensão.
Uma pessoa está a ser maltratada na rua!!
"Ui passa ao lado que isto não é nada contigo."
Explode uma bomba em Times Square!!
"Xixa...enquanto for lá e não aqui, estamos bem, não é?"
Com isto dos mísseis pode rebentar a terceira guerra mundial!!
"Ai que chatice, aquele Trump só faz trampa. Olha será que hoje a telenovela dá à mesma hora de ontem?"
Parece-vos familiar?
Somos nós. Eu, tu, a tua prima, o teu irmão, o teu vizinho, a dona do café, a senhora à tua frente no comboio, o homem que vê uma série sossegadinho no metro, a rapariga que fala melhor sobre os últimos 5 livros que leu do que sobre o estado em que o mundo está.
O mundo vive em ciclo vicioso e nós estamos nesta roda de rato de onde dificilmente conseguimos escapar.
Brunhilde era um rato na roda Terceiro Reich e nada fez contra o horror que foi aquele período da história. Na realidade, ao longo seu relato bastante honesto e real, ficamos com a impressão que além de não saber o que se passava, não parece sentir culpa pelo sucedido.
Será que alguma vez encolheu os ombros ao sabor do pensamento "eles dão as ordens, eu só estou a fazer o meu trabalho" enquanto se levantava para ir buscar mais um cafézinho. Soa semelhante? Ahh pois, fazemos o mesmo, certo? Seguimos a nossa vida enquanto o mundo à nossa volta vai afundando lentamente.
Ler o relato da ascensão pessoal de Brunhilde Pomsel de miúda sem graça a secretária de um dos grandes nomes do partido nazi é agoniante, à falta de melhor palavra. Damos por nós a pensar "Como será que esta senhora não via o que acontecia à sua volta" mas depois há que ver até que ponto faríamos diferente. Na realidade, ela acusa-nos de isso mesmo.
É uma pena que o ser humano aprenda tão pouco com os seus erros e este livro pretende ser exactamente isso, um aviso para o futuro (ou o presente).
Será que mesmo depois da leitura deste livro, poderei eu olhar para os meus erros e aprender com eles? Será que perante atrocidades, sejam elas quais forem, eu vou virar as costas e fingir que não é nada comigo?
Só o tempo o dirá! Bem, o tempo e a consciência.
Para todos os "interessados" nesta época em especifico, acho que este é um relato interessante, um "olhar por dentro" e que ficará bastante completo com o visionamento do documentário com o mesmo nome.
"Uma vida alemã" é uma aposta
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