"...cada livro é um retrato e tem pelo menos dois rostos.
- Dois...
- Sim. O rosto daquele....ou daquela, no seu caso...que o dá. E o rosto daquela ou daquele que o recebe"
Quando peguei neste livro esperava algo completamente diferente, algo mais superficial, mais romance simplista, mais mastiga e deita fora.
Foi com surpresa que me vi enredada na existência de Juliette, na curta viagem de metro que faz parte da sua rotina e que num dia de impulso muda por completo a sua vida.
Que vida em modo autómato levava Juliette, sempre carregada com os seus livros mas a observar outros que à sua volta liam.
O que fazem os livros pelas outras pessoas?
Será que significam para os outros o mesmo que para nós?
Dizer que um livro pode mudar a nossa vida não é uma afirmação feita de ânimo leve em "A rapariga que lia no metro".
Com Juliette perdemos-nos na divagação pelos mundos possíveis e imaginários que os livros encerram. Inclusive, até ela se perde um pouco no seu discurso especialmente enquanto o seu rumo é incerto.
Como o que esperava foi totalmente diferente do que encontrei posso dizer que esta história remete-me para aqueles momentos em que ficamos a olhar perdidos para os livros que nos rodeiam, quer a recordar as boas viagens que fizemos juntos quer somente a sorrir perante a sensação de prazer e paz que é tocar em livros.
Acho que, à semelhança do voluntariado altruísta literário que encontramos neste livro, vou sugerir a leitura deste título à minha metade literária. Ela encontrará neste livro um sem fim de sugestões de leitura, mais uns quantos para somar à lista que cresce quase ao mesmo ritmo que a estante vai ficando sem espaço.
Vou só fechar com esta frase que me fez parar a meio da leitura, ficar em suspenso com o livro aberto numa carruagem de comboio apinhada de gente.
"- Também estive coberta de pó - afirmou. - Acumulou-se sem que o sentisse, percebe?"
Há pequenas frases que fazem tanto sentido mesmo quando podem dizer mais do que uma coisa. Assim como o livro é um retrato com dois rostos, também o sentido de uma frase para quem escreve e para quem lê podem ser diferentes.
"A Rapariga que lia no metro" é uma aposta
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