domingo, 2 de fevereiro de 2014

"A Fome do Licantropo e Outras Histórias" :: Opinião



Depois de ter lido "A Paixão de K" e de a minha irmã me recomendar os contos do Miguel Miranda, não podia deixar passar a oportunidade de conhecer "A Fome do Licantropo" e tantos outros contos num livro que guarda personagens fantásticas, reais e/ou imaginárias, que despertaram em mim um sorriso e o humor negro, especialmente com algumas reviravoltas morais de última linha.

São sempre bons os contos que nos deixam a salivar por mais, mas que de igual forma nos saciam a sede (ou a fome) de novas histórias, de personagens interessantes e de momentos de humor, terror e prazer.
Visto que a minha irmã se segue na leitura, irá encontrar os cantos dobrados nas letras que marcaram neste alfabeto de ofícios e vocações. São letras capitulares da minha preferência o Exumador, o Jardineiro, o Licantropo, o Nadador-Salvador, o Penetra e a Quiromante. Cada uma especial à sua maneira, chego ao Z com um sorriso nos lábios e com o meu nível de humor elevador (mesmo o lado mais sombrio, o que se ri da desgraça alheia). Salto do insólito encontro do Exumador à eficaz resolução de problemas da Quiromante mas tenho de parar no Licantropo e em toda a extensão da sua fome. Para quem ainda não teve a curiosidade de espreitar este conto (aqui) ou não tem em sua posse ou lista de leitura este livro, faça o favor de tomar a iniciativa e ler. Com este ou outros contos somos remetidos, não para uma crítica social mas para uma avaliação da condição humana, das histórias que povoam o nosso dia a dia, das mais comuns às mirabolantes. Somos, enquanto conhecedores deste Monstruário, observadores das vidas dos outros e acabamos sempre por identificar alguma coisa familiar no final de cada capitulo, seja numa história nossa ou na da vizinha.

Quanto à passagem de testemunho, espero vir a ter oportunidade de rever com a minha metade literária as letras do alfabeto que ela marcou neste «Monstruário» (adoro esta palavra) porque com certeza nos vai remeter a um livro que um dia vi em casa dela. Não me lembro do nome, só tenho memória visual do conteúdo e da primeira impressão que ainda hoje guardo comigo "somos todos feitos de várias partes, de naturezas humanas, animais e por vezes, pouco naturais"

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