domingo, 2 de fevereiro de 2014

Opinião "Primeiro Amor" de J.Patterson e Emily Raymond

Pensava que a surpresa tinha sido a contracapa mas estava enganada. Não esperava encontrar as maquinações cruéis da vida real numa loucura de proporções épicas como a que Axi e Robinson embarcam. Mais que uma história sobre o Primeiro Amor, este livro lembra-nos do valor da amizade, da visão que temos do mundo e de como a nossa vida é fugaz, razão pela qual queremos fechar o livro e sair para cometer uma qualquer loucura (ilegalidades não estão implícitas mas tudo depende da companhia).

 Todos temos um primeiro amor, mesmo que tenha sido apenas uma paixão assolapada com doses excessivas de dramatismo e loucura. Ter um momento destes na nossa vida, mesmo que na adolescência, aquece-nos o coração. Olhar para trás e recordar esse tempo é como passar um bálsamo na nossa complicada vida de adulto. Mesmo que esse primeiro amo possua a sua dose de contratempos ou até tenha terminado de modo tempestuoso, por fatalidade ou razão de ser, temos de nos recordar que todas as histórias têm os seus bons e maus momentos e é nesse balanço que temos de encontrar o seu valor  e a lição para o presente e futuro.

Quando fiquei a conhecer Axi e Robinson pensei neles como adolescentes aborrecidos em busca de aventura fora da sua cinzenta e aborrecida vila no meio de nenhures nos Estados Unidos. As suas intereacçoes e os seus sucessivos rasgos de loucura (e irresponsabilidade) entreteram-me mas pergunta-me o que James Paterson teria para me oferecer que tornasse esta história memorável, que a tornasse algo mais que um "somos amigos desde sempre, a menina certinha e o bad boy, mas agora que estamos longe de casa podemos finalmente nos assumir enamorados como nunca pensámos estar um pelo outro".
Depois da loucura, de nos acostumarmos à presença destes dois melhores amigos, o autor lembra-nos que a vida não é cor de rosa, que enquanto deambulamos por uma aventura épica, montados numa Harley ou noutro qualquer veículo, em direcção ao por do sol, o universo (Deus, o nosso corpo, o mundo!) tem outros planos para nós.
É ai que ultrapassámos o cliché romantico do primeiro amor na adolescencia, quando a historia ganha um interesse humano que vai além da ligação entre Axi e Robinson e o seu lema de "viver no presente".
Damos por nós a pensar "James, eu não queria chorar, estou a ler este livro em público" mas não podemos deixar de nos sentir impotentes quando olhamos para trás e pensamos na quantidade de vezes que deixamos o cú ficar pregado ao sofá em vez que o levantarmos para partir à aventura. Não é preciso desaparecer a meio da noite para iniciar uma viagem pelo pais ou até roubar carros durante o percurso, o que é preciso é arriscar. Disse o Dalai Lama "Once a year, go someplace you've never been before". Para alguns não é suficiente para outros é apenas o começo. Não cheguem ao fim sem ter uma boa história para contar.
Ah e leiam o livro, se não for pela vontade de se apaixonarem loucamente, então que seja por partir em direcção ao por do sol.

Nota: Gostaria de saber que partes da história são efectivamente verdade e quem era a pessoa referenciada na última página. Se "Primeiro Amor" é em sua memória, eu dedico-lhe uma música que não me saiu da cabeça durante a leitura do livro.


Todas as aventuras têm de ter banda sonora e eu acabo de adicionar mais uma à lista de música referidas ao longo do livro. 
 
E vocês, ainda se lembram do primeiro amor? 
Qual é a música, aquela música que ainda hoje vos faz sorrir e lembrar este momento das vossas vidas? 
A minha fica aqui :)

 Boas leituras
:)