A leitura é uma viagem por palavras nacionais, estrangeiras, umas cultas, outras menos, umas mais rebuscadas, outras simplificadas, algumas levam-nos às lágrimas, muitas delas às gargalhadas e as melhores, aquelas que nos deixam abismadas, tamanha é a profundeza da ideia, da genuinidade expositiva, onde a simples contemplação daquelas palavras nos deixa assim: sob o Efeito dos Livros!
terça-feira, 25 de fevereiro de 2014
«Que importa a fúria do mar», de Ana Margarida de Carvalho - Opinião
O que importa a fúria do mar?
Importa tudo!
Importa muito!
A fúria do mar está na escrita de Ana Margarida de Carvalho. Como a revolta dos dias de tempestade, espalhando memórias e divagações em relatos de calmia.
A beleza da escrita de Ana Margarida de Carvalho é imponente, é o mar que galga e atravessa a terra, trespassa de continente em continente, até atingir o Tarrafal, recuando assim a esse período quente da nossa história.
É no tumulto dos sentimentos, na ondulação desenfreada das memórias, que Joaquim se revela e conquista. É na lentidão e no compasso de espera, que Eugénia espera novas vagas de revelações, amor e entrega.
O Tarrafal com uma história de amor... pergunta-nos: será o amor o pilar da nossa luta, da nossa resiliência? Como eram as pernas de Mª Silvestre para Francisco!? Que papel tem o amor em cada um de nós?
E que papel lhe sobra quando a guerra se impõe, senão de força motriz que faz frente à violência e à barbárie que desumaniza e nos desbrava, deixando-nos áridos, vagos, desenraizados...
Nesta "carta que não te escrevo" pergunto-te "quando se perde vontade de ter vontade"?
O romance de Joaquim foi "um romance onde as personagens haviam desertado das páginas". No entanto, sobra o enredo, os capítulos, as frases bonitas, o desejo, a luta, o vendaval e o pó. Pó ao pó!
O Romance de Ana Margarida de Carvalho é "uma ponte entre dois precipícios": a vida que nem sonhada queríamos ter tido, e o sonho de vida que sonhamos e para o qual nunca chegamos a acordar!!!
*
Após ter lido o romance de estreia desta autora, a curiosidade fez-me procurar mais algumas coisas sobre o Tarrafal e encontrei o documentário de Diana Andriaga que tentarei ver. Fica também a sugestão - "Tarrafal, memórias do campo da morte lenta"
Esta leitura teve o apoio LEYA/TEOREMA, veja mais sobre o livro, aqui, na página da editora.
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