CUIDADO, MUITO CUIDADO...
Se é uma pessoa que tem sentimentos.
Se é uma pessoa normal.
Se é uma pessoa que respeita os seres humanos.
Se tem filhos...
Se é sensível a imagens (mesmo que textuais) chocantes
Se tem intolerância à violência extrema
... e se tem pesadelos com facilidade.
Então...
este não é um livro para si!!!
A meu ver este é um livro NÃO recomendado a pessoas sensíveis e susceptíveis a ficarem perturbadas com temas violentos e um tanto bizarros.
Depois de ler Herry Miller ou Marques de Sade, pensei que mais nada me podia mais surpreender tanto, mas afinal estava longe de tais surpresas e eis que Gabrielle Wittkop veio abalar todo esse pensamento e até algumas estruturas, fazendo-me pensar que talvez seja mais sensível do que pensava.
«A traficante de crianças» leva o leitor até uma Paris do remoto século XVIII onde a libertinagem é "bem vista" e ocorre um pouco por todo o lado e entenda-se aqui libertinagem no sentido mais aberto da palavra.
O enredo é-nos relatado em forma de correspondência, revelando o dia a Dia de Marguerite e Lousie duas alcoviteiras (e aqui o termo pode parecer "fraco" e quase inocente, mas foi apreciá-lo melhor e tem pouco disso) que se dedicam ao tráfico de Crianças.
São descritos pormenores do que era feito às crianças a nível sexual e outro tipo de abuso, nomeadamente torturas físicas e psicológicas. São descritos também os autores desses abusos e como toda a engrenagem do negócio funciona, desde a proveniência das crianças, até onde são "largadas" depois de serem usadas e abusadas, até ao dia que morrem. E morrer aqui, seria uma sorte! Pois muitos deles, dos que vão sobrevivendo ainda serão usados e abusados para mais algumas orgias sexuais ou então, como banquete.
Gabrielle Wittkop conseguiu chocar-me em quase todas as suas páginas. O choque maior é constatar que alguém é capaz de pensar tais atrocidades e isso já me provoca alguns vómitos, quanto mais pensar que possivelmente tais bizarrices foram mesmo cometidas e ainda o deverão ser, tanto em países desenvolvidos como em países do terceiro mundo, já que é recorrente constatar que cada dia existem mais relatos de pedófilos e outro tipo de perturbados mentais a usarem pessoas (sejam adultos ou crianças) ou até animais para determinadas atrocidades.
Não sou do tipo moralista, mas penso que existem alguns tipos de livros e de ideias que não deveriam estar acessíveis a todas as pessoas, ou mesmo a nenhumas, este poderia ser um deles, pois apesar de bem escrito só a ideia de que algum pervertido o possa ler e aproveitar algumas das ideias provoca-me arrepios .
Depois de todos estes avisos se ainda quiser, ou tiver curiosidade de ler, leia! Ficará perturbado, mas talvez mais conhecedor das mais negras capacidades humanas.
*
A traficante de crianças de Gabrielle Wittkop é uma edição da Antígona - Editores Refractários
4 comentários :
Gostei muito do teu comentário. Expressa precisamente o que eu pensei ao ler o livro.
A única diferença é que depois das más disposições e dos vómitos, acabei por não o terminar.
Mas é realmente um livro bem escrito e apercebemo-nos dos horrores de que o ser humano é capaz.
Fiquei muito curiosa! Mas não o vou ler - sou extremamente impressionável e já me basta as atrocidades que tenho de aguentar no dia-a-dia - para mim, ler é viajar e abstrair-me da parte má da minha vida, não é para lhe tirar ainda mais cor.
Beijinhos xx
http://beautifulnessbyhelendeadly.blogspot.pt/
Bem Paulo, só faltava aqui um aviso a piscar a dizer "CUIDADO" ou "PERIGO"
Li a contra capa hoje... e só aquele pequeno texto assustou-me sobre o que poderia conter la dentro. Sou mãe e facilmente impressionavel... acho que não aguentaria ler este livro.
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