No título encontramos uma da
principais característica deste livro. A história, as personagens e até nós
sentimos a nossa alma escurecer, num degradé em direcção ao negro.
Há livros que nos assombram, mesmo
quando a história parece ser a coisa mais banal do mundo, há um ou outro
detalhe que nos deixa a contemplar o vazio a meio da leitura ou nos faz acordar
a meio da noite e ter a certeza que o nosso sonho incluía algo lido nesse dia.
Com Dália Negra foi assim! Não foi só
a leitura em si ou o estado de loucura desenfreado da dupla
Bleichert-Blanchard. Foi dar um rosto à Dália. Sim, porque a história de
Elizabeth Short é real e aconteceu em 1947. Estava nas primeiras páginas do
livro, ainda antes de um dos momentos altos (e incrivelmente mórbidos), quando
comecei a preparar o post de
início de leitura aqui no blog. Abro o google e cometo o erro crasso de
procurar pela Dália Negra.
(atenção, informo que algumas fotos
podem ser chocantes - não digam que não avisei) - Ver
aqui
Ao encontrar a verdadeira Dália, post-mortem como na descrição exacta do livro, eu soube que a partir desse momento aquele olhar, aquele "sorriso" me iria perseguir durante a leitura e quem sabe, até depois de ter terminado.
Senti uma afinidade mórbida com a
pessoa/personagem. Assim como a dupla de polícias (e o departamento quase
todo!), senti uma necessidade de saber quem era o assassino, quase que um
sentido de obrigação por desvendar o caso, por "vingar" a morte de
Elisabeth, que não sendo um exemplo, um poço de virtude, não merecia partir
assim, nem ser encontrada e tornar-se conhecida desta maneira.
Mesmo nos momentos em
que achei a narrativa um pouco parada, compreendi que apenas servia para acentuar a dualidade presente na mente de Bleichert, a sua divisão entre fazer
o seu trabalho e mante-lo separado da sua vida privada. Desde cedo percebemos
que o grande erro deste homem é deixar que os dois mundos se enredem, o que é
algo que o leva ao desequilibro profissional, emocional e até psicológico, em
alguns determinados momentos.
O facto de ser uma
história real faz-me querer pesquisar mais, saber se este caso foi ou não
resolvido, no entanto, perseguida pela imagem da verdadeira Dália pergunto-me
se quero desenterrar mais informação. Sei que tenho o filme ali em cima do DVD à
espera, a olhar para mim, a pedir-me para que esta seja uma crítica conjunta,
de “Livros que se tornam filmes” mas tenho de esquecer o rosto de Elisabeth
Short antes de ver as suas sósias em a Dália Negra.
Uma aquisição interessante por apenas 2€ em segunda mão. Acho que vai ganhar uma terceira! :)
Boas leituras!
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