Enquanto para outras leitoras este é o nono livro de Dorothy Koomson, para mim ainda é o primeiro. Embora outros já me tenham passado pelas mãos, ainda não li nenhum. No ano passado,entre picnics literários e visitas à feira sozinha, reservei uma tarde de sábado para ir com a mãe passear, namorar livros e gastar dinheiro. Por essa altura, lá em casa ainda não tínhamos entrado na febre Dorothy Koomson. Essa começou nessa mesma tarde quando dou com a minha mãe a ler o primeiro capítulo de um livro e reparo que a autora iria estar a dar autógrafos no espaço da Porto Editora dentro de minutos. Claro que a minha mãe não resistiu e acabou por comprar dois livros, um dos quais voltou assinado para casa depois de EU ter estado na fila e falado com a autora, visto que mãe se armou em tímida e ficou a acenar ao longe (ahh família!)
Desde então, tem sido uma roda viva de livros lá em casa, uns oferecidos e os outros comprados. Por enquanto a colecção ainda só tem 6 (mais um, se já contarmos com Os Aromas do Amor) e eu acabo de entrar no comboio Dorothy Koomson, na ultima carruagem.
Esta é a minha opinião :)
O prenúncio da história de Saffron que obtemos da sinopse não é nem metade dos dramas que afligem a nossa personagem principal. Dorothy, a Rainha do Drama!
Saffron, perdeu o seu marido e grande amor da sua vida há 18 meses. Encontrado no meio da rua, esvaído em sangue, Joel deixou a mulher e 2 filhos menores sem que nunca se tivesse encontrado o culpado, mesmo após meses de investigação por parte da Polícia.
Esse fatídico dia mudou para sempre as vidas dos que lhe eram mais chegados, em especial a mulher, que tenta segurar as pontas da sua vida familiar desde que a polícia lhe entrou em casa com a trágica notícia da morte de Joel. Pior que viver com a perda e as memórias vívidas que a assaltam todos os dias, é ter de guardar segredo, para sua segurança e dos seus filhos, sobre a identidade do assassino de Joel.
Mas como de seria esperar (para mim não que nunca li Dorothy Koomson) as provações de Saffron não começam nem acabam aqui.
À medida que a leitura foi avançando dei comigo a perguntar à minha mãe "As histórias dela são sempre assim? Quando pensas que a situação já não pode ser pior, lá surge um monstro de outro canto que torna tudo ainda mais complicado"
A mãe assentiu com a cabeça e eu fiquei com curiosidade de conhecer os outros novelos intrincados de dramas quotidianos que compõem os livros da Dorothy mas primeiro tinha de atravessar o torvelinho que era a vida de Saffron, o segredo sobre a identidade do assassino, a agonia de ver a sua filha numa situação complicada, a traição à sua própria saúde e o tormento que é ter o cerébro e o coração a digladiarem entre o desejo e a razão.
É magistral o intrincado de detalhes que completam a história, deixando-nos pendurados por saber afinal quem é responsável por este ou aquele problema até quase ao final.
A história de Saffron, repleta de dramas do quotidiano, faz-nos pensar no nosso papel como indivíduos (no que fazemos pelo nosso bem estar ou consequente destruição), no quanto nos sabotamos para o bem estar dos outros mas acima de tudo fez-me pensar no meu papel como filha e, actualmente, no meu papel como mãe.
Eu já fui a filha problemática e agora sou a mãe que pensa "como vou lidar com o meu filho ao longo dos anos". E se a vida quotidiana, sem os dramas que apoquentam Saffron por vezes já é complicada de lidar, imaginem quando o tapete nos é puxado à força debaixo dos pés, quando caímos desamparados e enquanto ainda estamos no chão, lentamente a tentar reunir forças para nos erguermos e lutar, somos novamente arremessados por forças que em vez de nos ajudarem só nos calcam ainda mais.
A empatia que criamos com Saffron é exactamente por isto, passou os últimos meses a sofrer pela perda do marido, que lhe foi roubado e que com ele levou o equilíbrio que a vida familiar e a sua física e mental de Saffron necessitava para viver.
No entanto, o que seria a razão para sofrer mais, é igualmente o que a mantém viva, as memórias da vida com Joel.
A meio da leitura dei por mim a desejar que este livro viesse a ser um filme mas rapidamente coloquei de lado a hipótese visto que uma das personagens que mais gostei foi Joel e vê-lo morrer ia dar cabo de mim! Claro que teria muita curiosidade para ver quem daria vida a Saffron, a Tia Betty (adorei-a!), a Finn ou aquela pessoa que não podemos mencionar e que é culpada pela morte do Joel.
Os Aromas do Amor possui uma narrativa que nos leva a momentos actuais, durante e antes daquele dia (o da morte de Joel), e que nos faz reparar nos detalhes, nos faz voltar atrás para ver se não perdemos alguma pista. Acima de tudo, é uma narrativa que activa a nossa compaixão que revolta o nosso lado humano e maternal.
Compreendo agora as boas críticas que suportam o sucesso dos livros de Dorothy Koomson em Portugal. A dose de realidade é forte, o enredo sofre voltas e reviravoltas que nos deixam perplexos mediante a complexidade da vida da personagem. Ao bom jeito português, com o nosso "podia ser pior", damos connosco a pensar "tenho de deixar de reclamar, a minha vida não tem nem um terço das complicações que ocupam a cabeça de Saffron".
E se os livros não servirem para nos ensinar algo e fazer dar valor ao que temos, então para que servem?
Se Dorothy Koomson já tinha uma fã na Família Rodrigues, parece-me que agora tem duas. E os livros que faltam na colecção da mãe devem chegar à estante lá para a altura da Feira do Livro de Lisboa.
Uma vez mais, espero ir para a fila, com a mãe a acenar ao longe enquanto temos o nosso exemplar de "Os Aromas do Amor" autografado.
Não se esqueçam, dia 14 e 15 de Junho às 15h na Feira do Livros de Lisboa
PS: A capa foi de LONGE a melhor representação do conteúdo do livro que eu já vi. Inicialmente pensei "ah eles estavam a preparar um livro de receitas dai as amoras" mas esta capa tem tanto detalhe certeiro que eu tive de a recriar, substituindo as tão malfadas amoras pelo livro.
PS: Lisboa! Adorei começar a ler o livro e ver que Lisboa vem referida, a minha avenida vem mencionada. Agora perguntam vocês "porquê?" :) Foi no caminho para Lisboa que Joel e Saffron se conheceram. :)
REVIEW
For other readers, this is the ninth book of Dorothy Koomson, for me is the first. Last year, between literary picnics and solo visits to the Lisbon's Book Fair, I booked a Saturday afternoon to go there with my mom, to fall in love with books and spend money. By that time , the Dorothy Koomson reading wave hadn't arrived at our homes. This began that afternoon when I found my mother reading the first chapter of a book and notice that the author would be signing autographs at the Editor's space (Porto Editora) within minutes. Of course my mother could not resist and we ended up buying two books, which came home signed after I have been in line and talked to the author alone because my mother decided to play shy and stayed waving at a distance ( ahh family !)
Since then it has been a whirlwind of books at our home, some offered and others bought. For now the collection has only 6 books (one more, if we count The Flavours of Love) and i'm just now getting on the Dorothy Koomson train, boarding the last wagon.
And this is my opinion :)
The glimpse of Saffron's story that we get from the synopsis is not even half of the dramas that falls upon our main character. Dorothy, the Drama Queen!
Saffron , lost her husband and great love of her life 18 months ago. Found in the streets, bled to death, Joel left his wife and two kids without the culprit being brought to justice, even after months of investigation by the police.
That fateful day changed forever the lives of those who were closest to him, especially his wife, who tries to make ends meet for their family life since the day the police entered her home with the tragic news of Joel's death. Worse than living with the loss and vivid memories that assault her every day, is having to keep a secret for the safety of her family, about the identity of Joel's killer .
But as would be expected (not for me who never read Dorothy Koomson) Saffron trials do not begin and end here.
As the reading progressed I found myself asking my mother "Her stories are always like this? Just when you think the situation could not get worse, a monster arises from another corner and makes it even more complicated " My mother nodded and I was curious to know the other intricate weebs of everyday dramas that make Dorothy's books but first had to cross the whirlwind that was Saffron's life, the secret about the killer's identity, the agony of seeing her young daughter in a complicated situation, the betrayal of her own body and the torment that it is to have your brain and heart gladiating between desire and reason .
The masterful intricate of details that complete the story leaves us hanging to know who is responsible for this or that problem until the last pages.
Saffron's story, full of dramas of everyday life, makes us think of our behavior as individuals (what we do for our well being and what consequently leads us to destruction), the way we sabotage ourselves to the welfare of others but above all made me think about my role as a daughter and now, my role as a mother .
I've been the troubled daughter and now i'm the mother concerned with "how am i going to deal with my son over the years". And if everyday life, without the dramas that torture Saffron is sometimes complicated to deal with, imagine the rug being pulled from under your feet and when you fell helpless while still on the floor, slowly trying to gather strength to stood up and fight, you are thrown back by forces that instead of helping just trample you even more .
The empathy we create with Saffron is due to this reason, she has spent the past months suffering the loss of her husband, who was stolen from her and with him went the balance of their family life and Saffron's physical and mental health which she needed to survive every new day.
In the mean time, what would be a reason to make a suffer, is exactly what makes her keep going. The memories of her life with Joel.
While reading I found myself wishing that this book could be made into a movie but quickly put aside the idea since one of the characters I liked best was Joel and watch him die would really hurt me ! Of course i'm still curious to see who would bring Saffron to life, who would play sassy Aunt Betty (loved her!), Finn or that person we can not mention and that is blamed for the death of Joel .
"The Flavours of Love" has a narrative that makes us travel in time, to before and after that day (Joel's death) and that makes us notice the details, makes us go back a couple of pages to see if we did not lost any leads. Above all, it is a narrative that activates our compassion and uprises our human and maternal side.
Now I understand the good reviews that support the success of Dorothy Koomson's books in Portugal . The reality dose is strong and the plot suffers twists and turns that leave us perplexed by the complexity of the character's life. Using the proper Portuguese expression , "it could be worse", we find ourselves thinking " I have to stop complaining, my life doesn't have one-third of the complications that occupy Saffron's head " .
And if books do not teach us something or make us value to what we have , what are they good for ?
If Dorothy Koomson already had a fan in the Rodrigues Family, it seems that now it has two. And the missing books in my mother's collection might come home from the next Lisbon Book Fair .
Once again, I hope to get in line with my mother waving from afar while we have our copy of " The Flavours of Love " signed by the author.
Don't forget, on the 14 and 15 June at 15hours - Lisbon Book Fair
PS : The cover was by FAR the best representation of the content of a book that I have seen in ages. Initially I thought "oh they were preparing a cookbook and there must be something about the blueberries " but in this case, the cover has so much accurate detail that I had to recreate it, replacing the damned blackberries with the book .
PS 2: Lisbon! It made me smile to see Lisbon and my favorite Avenue (Liberdade) being mentioned. Now you ask " why? " :) It was on the way to Lisbon that Joel and Saffron met . :)