Fui ler «O Segredo de Christine» por ter gostado de «O Mar» de John Banville. Black é o pseudónimo de Banville quando este escreve enredos mais policias, no entanto, voltando agora a ambos os livros, às suas personagens e enredos, e aos dramas que aqui são revelados, descobrimos mais traços comuns do que diferenças.
A leitura é uma viagem por palavras nacionais, estrangeiras, umas cultas, outras menos, umas mais rebuscadas, outras simplificadas, algumas levam-nos às lágrimas, muitas delas às gargalhadas e as melhores, aquelas que nos deixam abismadas, tamanha é a profundeza da ideia, da genuinidade expositiva, onde a simples contemplação daquelas palavras nos deixa assim: sob o Efeito dos Livros!
sexta-feira, 28 de janeiro de 2022
"O Segredo de Christine" de Benjamin Black e «O Mar» de John Banville - Opinião
Fui ler «O Segredo de Christine» por ter gostado de «O Mar» de John Banville. Black é o pseudónimo de Banville quando este escreve enredos mais policias, no entanto, voltando agora a ambos os livros, às suas personagens e enredos, e aos dramas que aqui são revelados, descobrimos mais traços comuns do que diferenças.
quarta-feira, 26 de janeiro de 2022
«Somos o Esquecimento que Seremos» de Hector Abad Faciolince :: Opinião
Aqui. Hoje. Já somos o esquecimento que seremos… Jorge Luis Borges
"Bairro sem saída" de Fernando Ribeiro - Opinião
terça-feira, 25 de janeiro de 2022
"A Ocupação" de Julián Fuks :: Opinião
segunda-feira, 24 de janeiro de 2022
«O AVESSO DA PELE» de Jeferson Tenório :: Opinião
"Às vezes você fazia um pensamento e morava nele.
Afastava-se. Construía uma casa assim. Longínqua. Dentro de si. (…) E apesar de
tudo, nesta casa, neste apartamento, você será sempre um corpo que não vai
parar de morrer. Será sempre o pai que se recusa a partir. Na verdade, você
nunca soube ir embora. Até ao fim você acreditou que os livros poderiam fazer
algo pelas pessoas. (…) É com eles que te invento e te recupero. É com eles que
tento descobrir quantas tragédias ainda podemos suportar (…)"
«O avesso da pele» de Jeferson Tenório arranca desta forma e
diz muito sobre a incompreensão e a dificuldade de relacionamento entre duas
pessoas. Uma realidade áspera, antes e agora, a de um filho que procura
recuperar e entender as memórias e ausência, uma ausência feita de objetos, feita
caos que comove.
A ausência de um pai, que pode ao mesmo tempo, ser um legado e um abismo. Um abismo do qual se abeira qualquer filho quando, entre pai e mãe começa mal. E daí ser tão pertinente: descobrir quantas tragédias ainda podemos suportar.
“(…) o que começa mal termina mal. Eram apenas duas pessoas
quebradas. Cada um com os seus cacos. Cada um buscando uma escora. O amor como
muleta. Naquele momento, a vida já havia tirado tanto, que vocês achavam
injusto que o amor não pudesse servir como amparo. Acontece que, em vez de
buscarem algo que pudesse reconstruíram os afetos, resolveram se cortar o que
restou."
Pedro, o narrador protagonista, perde-se na geografia vasta
dos afectos, a analisar o interior do labirinto que foi a vida familiar dos pais, e até a sua,
colocando na equação questões cruciais que se cruzavam com o amor, que o
delimitavam e definiram: a cor da pele! A pele na sociedade, a pele em todos os relacionamentos. A pele dentro da cabeça de cada um que é sempre mais do que pele.
Ou, e mais importante ainda, a conturbada relação entre pele e o avesso da
pele!
Mesmo com o ocutá atrás da porta, a pobreza, o
preconceito e a injustiça, espreitavam a cada esquina e aumentavam a ferida
funda que ameaçava rasgar o avesso, mas Pedro tenta, neste relato, recuperar os
afectos e entender todo o tipo de herança que lhe ficou. E o que fazer com ela.
“Li recentemente que as relações afetivas são formadas por
duas categorias: dos egoístas e dos doadores. Você era um doador nato. Minha
mãe era uma egoísta nata. (…) não a condeno por isso. (…) A infância nos
fornece certas mágoas e é com elas que lutamos.”
Jeferson Tenório explora os afectos, mas explora ainda mais
o viver confinado ao meio-fio da vida, porque a sociedade te coloca
nessa mesma berma, nesse lado marginal da vida e como combater para sair desse
lado, onde se é posto de parte. E o romance explora diversas formas de viver à
parte, por se ser lá colocado e por tanto se lutar pela integração, que a
pessoa acaba criando uma margem só sua, um lado de dentro só seu… uma forma de
alimentar uma solidão inacessível aos outros, talvez vencida, só pelos livros* e pelos
afectos (quando possíveis).
"Vocês só sabiam lidar com os afectos na precariedade. Vocês não eram equilibrados. Eram equilibristas. A corda bamba como terreno dos afectos"
É nessa corda bamba que, com um pé bem atrás do outro – passos curtos mas nem sempre
firmes - se avança, embora a dor e o trauma desenhem os contornos destas vidas, com que Tenório compõe um livro belíssimo. Duro, mas belíssimo.
* capítulo 7 de «O Jogo do Mundo» de Córtazar que eu fui descobrir graças aos livros aqui referidos
sexta-feira, 21 de janeiro de 2022
«Arco-íris» de Banana Yoshimoto :: Opinião
terça-feira, 18 de janeiro de 2022
«Os amores do Senhor Nishino» de Hiromi Kawakami :: Opinião
“Ato contínuo, ele colocou-se diante de mim. Tal como eu esperava, estava com cara de zangado. No entanto, a expressão era meiga. A doçura no rosto, o aprumo, a precisão com que atara o obi por mim era uma espécie de imagem de marca.”
"Nishino sorriu. Havia algo de misterioso no sorriso dele, como se soubesse de ciência certa que não existia nenhuma mulher capaz de o amar. O sorriso lembrava-me a chama azulada do aquecedor a gás."
Nishino e as suas amantes são tal como este frase: enigmática e ao mesmo tempo certeira, sem que perca uma aura própria que ecoa nos textos de Kawakami.
“À imagem e semelhança do colecionador que estica as asas de uma borboleta e as fixa com alfinetes numa caixa. Como quem manuseia delicadamente o corpo sem vida de um inseto, a fim de preparar o mostruário. Pode dizer-se que ele me captara. Sem me ter sequer tocado com um dedo. Sem que tivéssemos trocado um olhar. (...)
No entanto, tinha qualquer coisa de suave, de quente e infinitamente agradável, criando a ilusão de que a aura era o próprio Nishino.”
Ilusório é sem dúvida um adjectivo para a linha ténue com que se cose este enredo. Vamos conhecendo, mas pouco, a história de Nishino, pelas várias mulheres narradoras, das quais também apenas vislumbramos algumas características, para, uma após a outra, constatarmos que aqui o que importa é o mistério, os humores flutuantes e a melancolia e, até uma certa estranheza, tudo bem macerado com uma boa dose de Natureza que se cruza com a cidade e se prova em vários encontros gastronómicos. Detalhes esses que compõem muito cada breve narrativa e permite quase estabelecer um padrão, mas mais nas mulheres que tão fácil se aproximam de Nishino, como sabiamente recuam e o negam com subtileza.
"Imaginava que a luz secreta que caracterizava os nossos encontros - que podia ou não ser natural - se perderia a partir do momento em que deixássemos de ser apenas dois.
Tínhamos uma relação efémera. Era precisamente o que me agradava nela. Se começássemos a conviver com terceiros, receava que isso fizesse de nós «um casal». Mal isso acontecesse, a nossa relação ficaria exposta aos olhos do mundo, como uma fatura na parede, e seríamos forçados a acertar contas um com o outro."
No decorrer dos vários anos, as tonalidades com que estas mulheres vão colorindo ou acinzentando Nishino, mostram-nos também as oscilações nos seus próprios sentimentos e as relações entre algumas delas, num jogo subtil, onde se analisam com mais ou menos frieza, mas tentam perceber-se como parte de um todo, um corpo único que tentou amar e compreender Nishino, sem negarem uma certa exuberância que contrastava em absoluto com a tristeza espelhada no rosto (de algumas delas).
quarta-feira, 5 de janeiro de 2022
«De olhos fixos no sol» de Irvin D. Yalom :: Opinião
«Realize a sua vida»
e «Morra na altura certa»
Os epigramas de Nietzche podem resumir o objectivo deste «De
olhos fixos no sol» de Irvin D. Yalon, embora sejam mais fáceis de dizer do que
praticar. E é com isso que nos deparamos ao ler sobre a necessidade de nos
questionarmos e aceitarmos a inevitabilidade da morte e esse medo que nos
persegue, por vezes disfarçado de imensas fugas e sofrimentos mal resolvidos.
Reconhecer a ansiedade da morte é aceitar um caminho
manifestamente marcado pelo despertar de novas dinâmicas que trarão maior sentido
às interacções interpessoais, mas também àquelas em que dialogamos para dentro,
de modo a compreendermos que o que damos e deixamos aos outros não é mais do
que uma soma de atitudes e momentos que apenas perduraram no tempo através das
pessoas às quais nos conectamos (rippling).
Aceitar a morte ou encarar o sol de frente, reduzirá a
miséria humana, ou seja, reduzirá a origem, a raiz da maioria dos nossos
problemas. Ideia essa defendida por Epicuro e esmiuçada por Yalon nas suas
sessões de psicoterapia. E claro, parte do objectivo deste livro é explicar que
uma terapia bem orientada, numa base de empatia e conexão genuína entre o
terapeuta e o paciente é encontrar um meio facilitador para superar medos e
encontrar ferramentas de aceitação. E atenção, é aceitação, não rituais de
protecção, onde reprimimos e engolimos a noção da nossa natureza finita.
“A morte realmente faz comichão e é uma comichão bem
persistente; está sempre connosco, a arranhar alguma porta interior, a zumbir
suavemente, quase sem se ouvir, mesmo por baixo da membrana da consciência.
Escondida e mascarada, gotejando uma variedade de sintomas, é a fonte de muitas
das nossas preocupações, stress e conflitos.”
Ler este livro pode realmente abrir algumas dessas portas
interiores, mas o objectivo é mesmo esse, juntamente com relatos de casos
clínicos, mostrar aos leitores, uma panóplia de situações que escondem esse
receio da morte e o projectam em sentimentos, dores, preocupações e prisões que
diminuem a qualidade e a força da existência de cada um de nós.
“O escritor existencialista checo Milan Kundera sugere que
também provamos a morte através do acto de esquecer: «O que mete mais medo na
morte não é perder o futuro mas antes o passado. De facto, o acto de esquecer é
uma forma de morte sempre presente na vida.»”
Yalon vai mais longe e avisa-nos: contemplar a morte ou um
grande episódio de dor, podes ser experiências decisivas para despertar e
provocar mudanças, servindo-se de grandes filósofos (e não só!) para
desmitificar noções contraditórias sobre a morte que inflamam uma existência
menos independente.
“O leitor não poderá conectar-se ou dar seja o que for de importante aos que morrem, (…) a menos que esteja disposto a enfrentar os seus próprios medos, equivalentes aos de quem está a morrer, juntando-se-lhes num território partilhado. Ser capaz de fazer este sacrifício pelo outro é a essência de um acto de verdadeira compaixão e que traduz empatia. Esta disponibilidade para experimentar a nossa própria dor, em sintonia com a de alguém, tem feito parte da tradição curativa.”
A ideia poderosa do «eterno retorno» de Nietzche, em «Assim
falava Zaratustra» que propõe um desafio: "(...) e se pudesse viver uma existência
igualzinha à que viveu, uma e outra vez, por toda a eternidade, de que forma
isso mudaria a sua vida neste momento?”
Se a mera sugestão de que pode ser obrigado a repetir tudo é
assustadora, essa pode ser a força motriz que faltava para gerar mudança.
Ou seja, é o poder de olhar com maior transparência ao que nos acontece, permitindo uma maior higiene intelectual e equilíbrio emocional, alimentando a tão desejada serenidade mental ou equanimidade.
Mas o conselho maior é mesmo o de se socorrer de boas ideias, positividade e uma rede de boas memórias baseada na conectividade humana, combatendo a solidão e o isolamento e aumentando a compaixão e a empatia que permitem esbater a indiferença e baixar os muros da intolerância. E exemplo disso são sessões de psicoterapia que se sustentem na autenticidade, empatia e no olhar incondicionalmente positivo, criando uma interacção significativa.
«Palavra do senhor» de Ana Bárbara Pedrosa – Opinião
“Dei-lhes pernas para andar, joelhos para correr, braços para chegar à fruta e mãos para agarrá-la. Olhos para não bater nos troncos, dentes para trincar, língua para palrar até dizer palavras e poder dar nomes às coisas. No fim, pareceu-me funcional e algo rústico.”
Do rústico e por entretenimento,
tirou uma costela e fez Eva: “Já tinha aprimorado a forma, trabalhei os traços:
ancas arredondadas, barriga lisa, pele macia. No peito, carne que parecia inútil,
mas que viria a alimentar a espécie numa simbiose natural.
Tirei-a do homem por preguiça, mas quando ele percebeu julgou-a sua. Não foi logo, primeiro veio o pasmo de ver outra, e a confusão ao ouvi-la dizer «Eva». Tudo sem verbos ainda, o Verbo era só Eu.”
E da ausência de verbos, de
passado e de futuro, questionou o paraíso: “Davam as mãos em direcção ao
pôr-do-sol e não pediam mais da vida do que a felicidade até ao fim.
Chamam-lhe hoje paraíso, mas aquilo eram só árvores e maçãs. Não havia futuro nem passado, restava apenas um excesso de paisagem. Se acabassem com a fruta, que seria deles?”
Palavra do Senhor é isso mesmo, um livro de questionamento e reflexão, do que se construiu e destruiu com esse excesso de paisagem e uma mão cheia de abundância, ora de escassez, dominando a natureza inacabada de cada personagem que ditou o curso desta história às mãos da inevitabilidade do destino.
“Tinha sido feito para ser testado: já antes de nascer seria um assassino. Rejeitei-o antes de ter cometido o crime, a culpa e a morte eram a génesis da criação. Protestou contra a injustiça, mas falhou no alvo, quem morreu foi o irmão. Verdade seja dita, onde mais poderia gastar a sua raiva?”
Crime, culpa, castigo, o Bem e o Mal e um enredo com um narrador que compara os seus feitos a outros grandes da ficção, como Stephen King, teatralizando ainda mais o acto da criação e nivelando-o pelo que mais tem de terreno e palpável, sem esquecer um ou outro episódio mais transcendente.
“Não havia dúvida: quem nega o filho nega o pai, e ele assumiu a autoridade para falar por mim – espírito do seu sangue. Só assim poderia imbuir-se de uma razão maior do que os homens e então a sua palavra poderia ser igual ao Verbo. Não o pus no mundo para lançar a paz, mas uma espada, porque não quis barreiras para este cavalo à solta, e ele rasgou o ar com o seu golpe.”
Se dúvidas há sobre o conteúdo e a mensagem aqui habilmente compilados por Ana Bárbara Pedrosa, talvez baste dizer que enceta a desmistificação e concluí: “(…) todos saberiam que a razão última da vida era a família, que os humanos e os deuses deveriam unir-se para se protegerem uns aos outros.”
É um livro experimental, mas que
assume uma voz muito própria e até irreverente, mas bastante cuidada e que
desperta a curiosidade do leitor, seja para temas bíblicos seja para outros
livros da autora.
«TRÂNSITO» de Rachel Cusk - Opinião
“Concluía por vezes que as pessoas desejam aquilo que não
têm a certeza de poderem vir a possuir, outras vezes, a coisa parecia-lhe mais
complexa.”
Dito quase nas primeiras linhas, esta frase tornar-se numa
sentença que se estende como conclusão de diversos episódios ocorridos na vida
da narradora protagonista, Faye, que em busca de mudança, que já haviam sido
iniciadas em «Contraluz»,
a levam desta vez a procurar estabelecer-se por Londres.
Os desejos estão aqui em trânsito, e essa noção é de
confluência, quase de engarrafamento, onde uma série de coisas empancam, umas
atrás das outras, num curto espaço de tempo, tudo afazeres necessários aquando de
uma mudança. Como a casa. O foco desta narrativa.
Por outro lado, são também todas as coisas que surgem a quem
corre atrás de um tempo que parece ainda mais acelerado. E mais uma vez o
título funciona muito como metáfora para as ocorrências e encontros. Ela está
em trânsito entre duas realidades: a do eu unitário e solitário e a de
um eu mais universal, mais partilhado que comunga com uma realidade mais
sinérgica.
“(…) ao fim de tanto tempo, parecia ter criado um acordo
tácito de que, até estarmos ambos seguros do chão que pisávamos, deveríamos
permanecer em terreno neutro e orientarmo-nos por balizas públicas.”
Neutro é muitas vezes o terreno literário que se estende ao
logo de todo o relato, neutro pela ausência, quase total, de enredo, já que os
instantâneos da vida de Faye, embora narrados na primeira pessoa, parecem
isentos de avaliações sentimentais. Não o são, mas surgem de forma muito inteligente
e com um humor peculiar, expondo uma análise pelas atitudes de terceiros,
talvez até como forma de não acrescentar mais itens à lista de pecados que
Faye afirma possuir.
“Esta ideia de dois cães a partilharem a tarefa de decifrar
os sinais do falcão, achava-a muito empolgante. Sugeria que a realização
suprema de um ser consciente residia não na solidão, mas numa partilha tão
elaborada e cooperante que quase podia dizer-se que representava o entrelaçar
de dois eus. Esta noção, do eu unitário a ser rompido, da consciência, não de
um aprisionamento nas suas próprias perceções, mas, antes, como alguma coisa
mais íntima e menos dividida, uma universalidade.”
Da universalidade é compreendermo-nos pelo outro. Conclusões
encontradas no discurso alheio. Afirmando o poder restaurador que é escutar,
Faye, expõem-se menos, mas compreende-se nas revelações dos outros, que de
forma brilhante narra ao leitor, abrindo apenas pequenas brechas sobre si
mesma, como quem exercita e reforça, apenas em doses homeopáticas, o sistema imunitário.
E por isso afirma: “talvez seja só nas nossas feridas que o futuro pode criar
raízes.”
Ainda assim, a dualidade desempenha um papel importante, e
talvez por andarmos em busca dela se consiga encontrar um certo enredo, fruto
da natureza esgotante “(…) muitas vezes as pessoas se revelam,
involuntariamente, por aquilo que notavam nos outros.”
“(…) se não pode ser interpretada, então pela concretização
ao menos de um olhar humano admirativo, tal como uma pintura suspensa numa
parede, aguardando.
Embora com passagens muito bem conseguidas, há uma certa
redenção e um tom menos cáustico com que pincelou «Contraluz». E uma
agressividade mais contida e até contemplativa.